Entrevista com Carlos Casteglione candidato à presidencia do PT-ES
Um dos três candidatos a presidente estadual do Partido dos Trabalhadores na eleição que se realiza no próximo dia 2 é o cachoeirense Carlos Casteglione. Deputado estadual reeleito, licenciou-se para assumir a secretaria estadual de Trabalho, Assistência
Publicado 27/11/2007 15:14 | Editado 04/03/2020 16:43
Por: Ilauro Oliveira e Wagner Santos
Nesta última semana antes do primeiro turno da eleição, Casteglione e os demais candidatos, José Otávio Baioco e Tarcíso Vargas, intensificam as suas campanhas na busca dos votos dos quase dez mil eleitores petistas aptos a participar do PED (Processo de Eleição Direta). Para saber como andam as suas chances de vencer o pleito e quais os impactos que ela pode causar, ele concede entrevista ao site Atenasnoticias e ao jornal Espírito Santo de Fato.
Candidato dos prefeitos João Coser (Vitória) e Hélder Salomão (Cariacica), a possibilidade de vitória de Casteglione aproxima ainda mais o PT de Hartung e possivelmente também do seu partido, o PMDB. Nessa ótica, o petista reconhece a importância da liderança do prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Roberto Valadão, e a necessidade de conversar na busca de um entendimento para as eleições de 2008.
Como está a campanha para presidente do PT no Espírito Santo e como vê as suas chances?
O PED é uma grande oportunidade para a mobilização do partido. A nossa campanha tem o apoio de muitas lideranças em todos os municípios do Estado e por onde passamos estamos consolidando apoios, assumindo compromisso com o fortalecimento do partido e isso tem agradado os companheiros.
Estou trabalhando muito, com a colaboração de muitos petistas que acreditam em nossas propostas, por isso acredito que temos chance real de vitória. Mesmo assim prefiro continuar pedindo voto e aguardar o resultado.
Hoje você é o único petista a ocupar o primeiro escalão do Governo Hartung. Isso de certa forma tem atrapalhado a sua campanha, já que o PT é um partido dividido em relação a este governo?
A nossa presença no governo do Estado foi amplamente debatida no interior do partido e a decisão do diretório foi favorável por mais de 70% do mesmo. Portanto estou no governo, junto com outros companheiros e companheiras em nome do PT. Por isso afirmo que ser secretario não atrapalha a campanha, pelo contrario acredito que ajuda, pois estamos lá para contribuir na construção do projeto do partido no Espírito Santo, especialmente nas eleições de 2008.
Você é o candidato de João Coser e de Hélder Salomão, que são aliados de Hartung. Caso vença as eleições, isso indica que o PT se aproxima ainda mais do governo e isola os focos de resistência dessa aproximação, como são hoje a deputada federal Iriny Lopes e o deputado estadual Cláudio Vereza?
Inicialmente quero expressar minha satisfação em ter o apoio deles e de tantos outros companheiros e companheiras de expressão pública, bem como de um simples filiado ou militante.
Como presidente irei garantir que a democracia interna prevaleça como a mais forte expressão do Partido. Não se trata de aproximar mais, ou menos do governo, o que importa é que estando lá o PT contribui com a recuperação do Estado, sem abrir mão de seus princípios e de seu projeto, com muito respeito aos companheiros e companheiras que tiveram minoria no momento da decisão.
Vencendo, como o senhor idealiza o PT? Como pretende trabalhar com vistas às eleições do ano que vem? Ainda nesse foco: quais seriam as prefeituras prioritárias?
Em conjunto com a direção partidária, trabalharemos pela reeleição dos nossos cinco prefeitos, além deles acredito que é preciso incentivar nossas lideranças em vários municípios a apresentar nomes para a disputa de prefeituras, bem como ao cargo de vice. Além disso, vamos ajudar para que em cada município o PT eleja pelo menos um vereador ou vereadora.
Vou propor a formação de um fórum estadual permanente entre os partidos, que terá a tarefa de orientar o diálogo nos municípios, visando a construção e o fortalecimento das alianças eleitorais, onde se respeite o espaço de cada um.
Uma vitória é o fortalecimento do nome de Casteglione para as eleições de 2008 ou um afastamento do pleito, já que teria que passar a cuidar da burocracia interna do PT?
De uma coisa tenho certeza, ser presidente do único partido que me filiei na vida há quase 25 anos é uma tarefa militante das mais nobres e que naturalmente traz visibilidade. No entanto no PT não trabalhamos só para fortalecer lideranças e sim o conjunto do partido e seu projeto e é por isso que quero presidir o Partido dos Trabalhadores.
Cuidar da burocracia é importante, mas não é essa a principal tarefa do presidente, penso que ele deve priorizar o fortalecimento da direção, a presença nos municípios e principalmente representar o partido no dialogo com a sociedade. Sendo assim acredito que posso conciliar as duas coisas.
O senhor é candidato a prefeito em 2008?
Para começar esta resposta é preciso dizer que em Cachoeiro o Partido dos Trabalhadores apresentou candidatos em todas as eleições, o primeiro foi o pedreiro Pedro Reis em 1982. Em 2000 e 2004 tive a honra de representar o nosso partido. Em nenhum momento foi uma decisão pessoal, a decisão para 2008, está se construindo com a reflexão de todos os filiados e eu me coloco neste projeto com muita disposição para contribuir.
O Coser, seu padrinho político, quer muito o apoio do PMDB em Vitória para sua reeleição. O senhor não vê risco em um acordão onde teria que abrir mão de uma candidatura em Cachoeiro para Camilo Cola ou Valadão para que o partido do governador ficasse com o PT na capital?
A aliança política da capital terá sua lógica própria, não deve interferir em composições estado à fora. Portanto acredito ser compatível fazer uma aliança ampla em Vitória sem sacrificar alianças e candidaturas em outros municípios do Espírito Santo.
A jornalista Andréia Lopes publicou na Gazeta recentemente que o senhor quer o apoio do PMDB em 2008, mas não quer o apoio do prefeito Valadão. Dá para explicar melhor como pode ser isso?
O que eu quis dizer é que a administração atual em Cachoeiro de Itapemirim não conseguiu atender a expectativa que foi construída na campanha de 2004, portanto não podemos repetir as ações desta administração, por isso utilizei a expressão “prefeito” naquela frase, mas o Roberto (Valadão) é uma liderança importante no PMDB e eu tenho consciência de que precisaremos conversar.
Ela publicou também uma lista de partidos aos quais o senhor buscaria apoio…
Alguns partidos que relacionei ficaram de fora da lista publicada e devido a isso vou me reservar e não reproduzi-las, posso esquecer acidentalmente de algum importante aliado. O fato é que precisamos construir uma aliança para governar Cachoeiro, uma aliança que não seja de nomes somente, mas de programa, para isso vamos, no momento oportuno, conversar com os partidos.
O senhor vê a possibilidade de entendimento entre o PMDB e o PT para o ano que vem?
Em alguns lugares estaremos juntos em outros não. Cada município terá sua lógica própria, o PMDB compõe a base do governo Lula, isso nos aproxima e onde tivermos condições, tenho certeza, estaremos juntos.
Fonte: Atenas Notícias