Pe. Marcos Antonio: Suicídio do bispo

Na primeira greve de fome do bispo de Barra (BA), Dom Luiz Cappio em 2005, fui o único sacerdote a declarar publicamente que a greve de fome voluntária é um suicídio. Diferente do martírio, a vida de determinada pessoa é tragada por alguém por motivo da d

Agora, minha posição tomou corpo com o mesmo pensar de Dom Aldo Paggoto, Arcebispo da Paraíba, que inclusive é presidente do Comitê paraibano da integração do Velho Chico. Que bom quando em busca do bem comum, é rejeitada a manifestação de corporativismo inaceitável para qualquer instituição, mesmo quando se trata de algo transcendente.


 


 


O que passa pela cabeça deste bispo intransigente? Que ele é do tempo em que o bispo era um “príncipe” feudal, detentor da verdade e que, mesmo isolado tendo nas mãos as chaves do reino dos céus, pode fazer e determinar o que quiser e todos dizem “amém”. Subentende-se que para ele ministério não é sinônimo de serviço, mas de imposição da própria vontade. Deveria ter escutado antes a CNBB e talvez até o Pontífice. Como disse Jesus aos doutores da lei: não entram no reino de Deus e não deixam os outros entrar. Saudades de Dom Aloísio, Dom Helder Câmara, Dom Luciano…


 


 


Naquela época, enfatizei que, antes de fazer a transposição do Rio S. Francisco, era necessário fazer a sua revitalização desde a sua fonte. O erro deste bispo está em não sentir na sua barriga a dor da fome de milhares de nordestinos castigados pela seca cruel, agora intensificada com o aquecimento global. Está em não saber o valor da água mendigada e explorada pelos carros-pipas e de beber lama com os animais. Está em não ver milhares de crianças morrendo sem encontrar uma gota de leite-água no peito de suas mães. Seria bom que Dom Cappio escutasse a música “Procissão” de Chico Buarque: “Meu divino São José, dai-nos chuvas com abundância… lá vai passando a procissão se arrastando que nem como cobra pelo chão, esperando aqui na terra o que Jesus prometeu… só depois de morrer no sertão”. Amém!


 


 


Pe. Marcos Antonio – Arquidiocese de Fortaleza