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Bolívia: índios nas ruas apóiam constituição

Uma marcha dos 36 povos indígenas existentes na Bolívia e de todos os setores que apóiam as mudanças em curso no país precedeu a entrega, neste sábado (15), da nova Constituição Política do Estado (CPE) ao presidente da Bolívia, Evo Morales.

Segundo o porta-voz do governo, Álex Contreras, o ato teve início às 10h30 de sábado e se estendeu até o início da noite, contando com a presença de entidades culturais, folclóricas e artistas, na Praça Murillo, no centro de La Paz.



Ao mesmo tempo, a oposição, que controla o departamento (estado) de Santa Cruz, insiste em ultimar o processo para declarar a “autonomia” em relação ao governo federal, implementar uma Assembléia Legislativa e, a partir daí, criar suas próprias leis.



Golpe de estado



Durante a cerimônia, o presidente boliviano afirmou que os prefeitos dos departamentos [estados] opositores querem dividir o país e retirá-lo do poder a força. Morales convocou às Forças Armadas a defender os interesses da Bolívia.



“Estou seguro de que nenhum membro das Forças Armadas vai se prestar a essa classe de autonomistas que querem divisão ou um golpe de estado. Estamos em tempo de democracia, o povo boliviano, que é esse exército de todas as cores, não vai permitir que dividam a Bolívia”, disse o presidente, ao lado da cúpula militar do país.



A cerimônia ocorreu na Praça Murillo onde está localizado o Congresso Nacional e o Palácio do Governo e teve a participação de representantes das 36 etnias indígenas que vivem na Bolívia. A entrega da nova Carta foi feita pela presidente da Assembléia Constituinte, Silvia Lazarte. Depois da cerimônia, houve uma festa no Palácio do Governo e Morales aproveitou para participar de danças típicas bolivianas.



Morales sugeriu que os deputados constituintes que não participaram das sessões da Assembléia devolvam o salário pago pelo estado. “Para ganhar um salário, tem que trabalhar, para ganhar não pode prejudicar a Bolívia. E esses companheiros [deputados] não trabalharam, só prejudicaram. Esses constituintes, se quiserem ser pessoas respeitadas, deveriam devolver a dinheiro ao estado boliviano ou destinar o dinheiro aos mais necessitados”, disse o presidente em um balcão do Palácio do Governo.


 


“Não vão prosperar”



A nova Constituição foi entregue ao presidente do Congresso, Álvaro García Linera, que também é vice-presidente, na noite de sexta-feira (14) em cerimônia no Banco Central boliviano em meio a protestos dos oposicionistas



O vice-presidente afirmou que a oposição tem direito de fazer manifestações, mas não de buscar a divisão do país. “Os opositores têm direito de marchar, de protestar, podem mostrar sua oposição, mas se falam de separatismo, se falam de divisão, haverá 9 milhões de bolivianos de todos os departamentos para dizer que eles não vão prosperar”, disse Linera.