Sem categoria

Manuela D'Ávila: Quem tem medo da TV Brasil?

Em discurso realizado esta semana na Câmara, a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) comentou as ações protocoladas por partidos políticos na Justiça contra a criação da TV Brasil.

Manuela centra suas críticas àqueles que procuram detonar a nova emissora. ''Ouvi aqui, diversos discursos acusando a iniciativa do governo Lula de se criar uma TV chapa-branca. Mas todos estes ataques caem por terra quando conversamos com a nova presidente da TV, jornalista Tereza Cruvinel'', diz a deputada.



Manuela comentou também em seu discurso a tentativa que o ex-PFL (DEM) fez no início do mês (3 de dezembro) para derrubar a Medida Provisória que criava a TV Brasil.



O DEM é apoiado pelos grandes grupos privados de comunicação brasileiros, que não se conformam com a aparição de uma alternativa de televisão para o público brasileiro, insatisfeito com os padrões atuais da TV comercial.



''O que teme este partido [DEM] e os ácidos críticos à nova TV é que ela seja um instrumento da sociedade. A mesma insegurança que move setores da mídia contra o governo Lula, não pelos seus atos administrativos mas pela sua origem popular'' lembrou Manuela.


 


Os partidos apoiados por essa mídia não atacam a TV Cultura, por exemplo, por ela ser sustentada pelo governo do Estado de São Paulo, feudo do PSDB há mais de 12 anos. A TV Cultura foi constituída em moldes muito semelhantes aos da TV Brasil.


 


''O que teme este partido e os ácidos críticos à nova TV é que ela seja um instrumento da sociedade. A mesma insegurança que move setores da mídia contra o governo Lula, não pelos seus atos administrativos mas pela sua origem popular. Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, eu pergunto quem tem medo da TV Brasil?'', pergunta Manuela.



Em seguida, a deputada comunista aponta os setores que pretendem derrubar a TV pública, afirmando que são ''os mesmos setores que tem medo do nosso povo e da nossa cultura. Segmentos que buscam desesperadamente se sentirem mais cultos e urbanos voltando suas vidas para os exemplos norte-americanos de cultura e consumo. Pessoas que se sentem mais à vontade em Nova York do que no Rio de Janeiro. Estes setores irão descobrir a riqueza da alma e da cultura de nosso país''.



''O surgimento de mais uma rede de televisão, e de natureza pública, pode contribuir para o aumento da diversidade na oferta de oportunidades de informação ao cidadão. Quanto maior a diversidade do sistema de radiodifusão, mais democrático ele se torna, permitindo que a sociedade possa formar seus juízos a partir do acesso a um conjunto variado de mensagens que expressem o pluralismo da própria sociedade'', defende.


 


Manuela conclui o discurso afirmando que seu mandato e sua atuação política ''serão voltados para o sucesso desta iniciativa, que não é iniciativa de um governo, mas é uma conquista para todo o país''.


 


Leia abaixo a íntegra do discurso de Manuela na Câmara dos Deputados:
 




Nosso país viveu um ano de profundas transformações, este fato é reconhecido por todas as forças políticas desta Casa. Uma destas grandes transformações foi o início das operações da TV Brasil. Início este ofuscado pela estréia das transmissões da TV digital brasileira. Apesar da estréia tímida, resumida à cidade de São Paulo, a tv digital concentrou todas as atenções, enquanto o verdadeiro salto está sendo dado com o lançamento de um novo veículo de comunicação, que pode vir a cumprir um papel previsto pelos constituintes de 1988 mas nunca concretizado, o de democratizar o acesso ás informações.


 


Ouvi aqui, diversos discursos acusando a iniciativa do governo Lula de se criar uma Tv chapa-branca. Mas todos estes ataques caem por terra quando conversamos com a nova presidente da TV, jornalista Tereza Cruvinel.


 


Um profissional respeitada, tratada com muita deferência por todos os partidos, certamente empresta além de sua competência sua seriedade e sua credibilidade a este novo veículo.


 


Em entrevista publicada na semana passada, a jornalista afirmava que ''a TV Brasil fará um jornalismo sem adjetivos cromáticos, guiado pelos fatos, pelo equilíbrio e isenção. E independente da boa intenção ou das virtudes de seus dirigentes, a vigilância da sociedade deve prevalecer''.


 


Não há dúvida, de que a TV Brasil será fiscalizada diuturnamente pelos mais diversos segmentos da sociedade. Então qual a razão para tanto temor, o que justifica que um partido entre com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra a medida provisória que criou a TV Brasil?


 


O que teme este partido e os ácidos críticos à nova TV é que ela seja um instrumento da sociedade. A mesma insegurança que move setores da mídia contra o governo Lula, não pelos seus atos administrativos mas pela sua origem popular. Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, eu pergunto quem tem medo da TV Brasil?


 


Os mesmos setores que tem medo do nosso povo e da nossa cultura.


 


Segmentos que buscam desesperadamente se sentirem mais cultos e urbanos voltando suas vidas para os exemplos norte-americanos de cultura e consumo.


 


Pessoas que se sentem mais à vontade em Nova York do que no Rio de Janeiro.


 


Estes setores irão descobrir a riqueza da alma e da cultura de nosso país.


 


O surgimento de mais uma rede de televisão, e de natureza pública, pode contribuir para o aumento da diversidade na oferta de oportunidades de informação ao cidadão. Quanto maior a diversidade do sistema de radiodifusão, mais democrático ele se torna, permitindo que a sociedade possa formar seus juízos a partir do acesso a um conjunto variado de mensagens que expressem o pluralismo da própria sociedade.


 


Concluo saudando a nova rede de TV Brasil, e afirmando que meu mandato e minha atuação política serão voltados para o sucesso desta iniciativa, que não é iniciativa de um governo, mas é uma conquista para todo o país.


 


Manuela d'Ávila é jornalista e Deputada Federal pelo PCdoB-RS, eleita em 2006. Tem 25 anos e é a mulher mais votada da história do RS. É membro do Comitê Central do PCdoB, da Comissão Política do Partido no seu Estado.