Comunidades cearenses praticam turismo sustentável

Ao longo do litoral nordestino, o turismo realizado por grandes redes hoteleiras provoca grande impacto ambiental. Um modelo de turismo sustentável implementado por comunidades costeiras do Ceará pretende fazer frente a esse método predatório, na tentativ

Com essa intenção, o Instituto Terramar realiza o projeto Tucum – Rede Cearense de Turismo Comunitário, que conta com a participação de dez comunidades costeiras, entre indígenas, pescadores e moradores de assentamentos rurais e de dois pontos de hospedagem solidária em Fortaleza. A gestão e o planejamento do turismo se baseiam na economia solidária. São organizados grupos de artesãos, de culinária, de condutores de trilhas, de donos de pousadas domiciliares, de transportes, entre outros.


 


 


O fortalecimento da organização interna é fundamental nesse estágio. Por meio da articulação da Rede Tucum, estão previstos a elaboração de roteiros integrados, o plano de marketing e alguns materiais de propaganda. Além disso, desenvolve-se uma articulação em rede com outros estados e países da América Latina e Europa, conferindo maior visibilidade às experiências realizadas no Ceará.


 


 


É nesse ponto que entra o papel do II Seminário Internacional de Turismo Sustentável (II SITS). O evento vai reunir representantes de diversos países entre os dias 12 e 15 de maio de 2008, em Fortaleza. O seminário é uma continuação do processo que começou em 2003 com o I SITS. Até a presente data, os seguintes países confirmaram a presença: Bolívia, Equador, México, Costa Rica, Peru, Alemanha, Itália, Suíça.


 


 


Uma série de frutos foram colhidos com o I SITS. Entre eles, estão: o surgimento de redes e articulações no Brasil; acordos de cooperação entre instituições da Europa e da América Latina; participação do Brasil no Fórum Social Mundial, em Mumbai, em 2004, para discutir a temática do turismo sustentável; debate no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, em 2005; consolidação da REDTURS (Rede de Destinos de Turismo Comunitário da América Latina) e da Rede Turisol (Rede de Turismo Solidário Comunitário do Brasil); criação do Projeto Bagagem; criação da Rede Tucum – Rede Cearense de Turismo Comunitário.


 


 


Desde a década de 90, o Instituto Terramar denuncia as agressões ambientais, os conflitos fundiários envolvendo populações tradicionais e empresários do setor turístico e imobiliário, bem como os financiamentos realizados sem transparência. “Desta experiência, chegamos à conclusão de que é necessário ir além da crítica, sem abandonar o monitoramento das políticas de turismo e seus impactos, e elaborar uma proposta afirmativa para o setor, aliando o processo de resistência das comunidades ao turismo convencional e desenvolvendo novas possibilidades de desenvolvimento da atividade” ressaltam as assessoras do Programa Gestão Costeira do Instituto Terramar, Vanessa Luana e Rosa Martins.


 


 


Apesar dos bons resultados, ainda há muito que avançar: “Temos percebido que uma das grandes dificuldades de convencimento da proposta de turismo sustentável é que, necessariamente, ela lida com números menos vultosos que aqueles do turismo convencional, sejam eles representativos da renda deixada pelos visitantes, quantidade de pessoas recebidas, entre outros”, afirmam.


 


 


As assessoras do projeto lembram que os indicadores econômicos dessas experiências não podem ser comparados com o turismo convencional. No entanto, a qualidade ambiental e social que ele proporciona são indicadores mais importantes e condizentes com o tipo de desenvolvimento que deve ser implementado: ambientalmente sustentável, culturalmente diverso, economicamente eqüitativo.


 


 


Fonte: Adital