Por que a imprensa não encara o custo dos juros no Brasil?
Como é impressionante a omissão da imprensa em relação aos juros pagos ou a pagar anualmente pelo tesouro nacional e que consomem mais de 7% do nosso PIB e que correspondem ao montante de todas as receitas das exportações feitas pelo Brasil, em 2007. <
Publicado 04/01/2008 11:56
Até nos comentários, em linguagem bem tecnocrática, tentam confundir os brasileiros, mostrando que juros altos é uma decorrência do aumento nos gastos do governo com Aposentadorias e com o funcionalismo público. O que não é verdade. A verdade, que ninguém quer mostrar, são os juros pagos pelo governo e que estão em patamares da irracionalidade ou de qualquer justificativa honesta. E o que mais preocupa é o vice- presidente da República, dr. José Alencar, em entrevista, considerar o governo impotente para tomar a decisão de redução na taxa selic. O país não elegeu banqueiro para priorizar a utilização das receitas do Tesouro, em pagamento de abusivos juros. A falta dessa providência que estimula a especulação financeira, está custando ao país (ao povo) um custo de mais de R$ 60 bilhões anuais e com uma série de privilégios. Se o governo não pode determinar as reduções nas taxas de juros, quem afinal tem poderes para materializar essa providência? Não tem outra resposta, só mesmo o chefe supremo da nação. O Estado, cujo poder emana do Povo, é maior do que qualquer cartel financeiro nacional e internacional.
Sobre os gastos com pessoal e com os benefícios do INSS, não existe anormalidade, levando-se em consideração que durante décadas o governo se dedicou a avalizar a concentração de riquezas, ampliando a pobreza e a indigência em nosso país.
Os gastos da previdência praticamente empatam com os gastos na rubrica de juros, em relação ao PIB ( 7%). Só que os juros estão beneficiando uma minoria de especuladores, que só concentra riquezas, enquanto as despesas com a previdência atendem direta e indiretamente às necessidades mínimas de mais de 30 milhões de brasileiros que alavancam a produção, o emprego, a renda e o consumo. E as receitas da previdência estão praticamente empatando com as despesas, além da sua indiscutível e imensurável dimensão social.
E quanto aos gastos com pessoal , indispensável para o funcionamento da máquina burocrática do Estado e que consome 4,5% do PIB, esses recursos que recebem, têm ainda a vantagem de ser colocados em circulação na economia, gerando mais produção, empregos, renda e consumo. Antes não havia transparência maior para esses gastos que eram camuflados através das ONGs e das terceirizações irresponsáveis que acarretavam clientelismo e corrupção.
Tentam, sempre, nos comparar com outros países e economias da América Latina, sempre nos nivelando propositalmente por baixo, com relação às despesas públicas, esquecendo as peculiaridades de cada país e que devem ter uma infinidade de camuflagem em suas contas e nas execuções orçamentárias. É bem melhor encararmos as nossas verdades do que ficarmos sempre mirando na realidade e nos exemplos dos outros, para acobertar ou justificar os erros que cometemos.
Ainda sobre a comparação do Brasil com outras nações de primeiro mundo e da América Latina, por que não identificar, nas matérias jornalísticas, os ágios que esses países pagam acima da inflação para a rolagem de suas dívidas?
E os recursos que aqui estão faltando para a melhoria na educação, na saúde, no saneamento básico, nos transportes urbanos de qualidade, na construção de ferrovias de norte a sul, leste e oeste, para atender um desenvolvimento nacional sustentável, não é culpa daqueles que querem transferir para os gastos com pessoal ou com os benefícios pagos pelo INSS, mas dos pagamentos dos juros anuais para a rolagem de nossa dívida?
Não precisa ser matemático para mostrar essa verdade. Com um superávit primário que pode chegar a 4,2% do PIB, algo em torno de R$ 100 bilhões, esse montante não será suficiente para pagar os juros devidos pelo Tesouro Nacional em 2007. Faltarão ainda mais de R$ 60 bilhões para o pagamento desses encargos financeiros. E esses recursos, por falta de disponibilidade do Tesouro, serão automaticamente acrescentados à nossa divida interna e externa e o país continuará pagando juros sobre juros. E ainda não sabemos em quanto monta a dívida do Banco Central que será assumida pelo povo, através do Tesouro Nacional.
Portanto, faltam informações completas e sinceras sobre os prejuízos que os juros estão causando ao Brasil.
E hoje (1º/1) a imprensa já começa a dar vazão às sugestões dos palpiteiros sobre a Bovespa e sobre o aumento da inflação, sem nenhuma fundamentação científica, racional e real. Compete, nesse momento, como medida preventiva, a CVM agilizar uma varredura nas contas ativas e passivas de todas as empresas (não são muitas) que têm os seus papéis negociados em Bolsa, para dar transparência absoluta aos investidores. As Contas Ativas e Passivas desses empresas de capital aberto poderiam ser compulsoriamente disponibilizadas na Internet, sem as maquiagens, mas com informações contábeis reais e o histórico de suas vidas nos últimos cinco anos.
No entanto, devemos reconhecer que a sensibilidade do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para viabilizar e concretizar os programas sociais de Governo, teve o mérito do crescimento do PIB, da estabilidade inflacionária e da melhor distribuição das riquezas produzidas pelo país, reduzindo sensivelmente a indigência e a pobreza e ampliando a classe C. O Ano de 2008 será bem melhor do que foi 2007, se o presidente da República fizer uma reflexão bem profunda sobre os males que a selic está causando ao Povo Brasileiro e para a materialização de projetos prioritários.E sabemos que o presidente está ao lado do povo e basta agir na sua defesa, como sempre o fez.
* João da Rocha é jornalista
Fonte: Comunique-se