PCdoB dá mais uma prova de força na festa do Bonfim
Nem a chuva, nem o sol forte que se revezaram durante a caminhada diminuíram a animação do bloco do PCdoB, no cortejo em homenagem ao Senhor do Bonfim, ocorrido nesta quinta-feira, (17/01), em Salvador. Munidos de bandeiras, estandartes e faixas, os comun
Publicado 17/01/2008 23:22 | Editado 04/03/2020 16:21
Eram 9h, quando um ato ecumênico nas escadarias da Igreja da Conceição da Praia deu início à programação oficial da festa. Após a execução do hino ao Senhor do Bonfim, uma queima de fogos anunciou a saída do cortejo das baianas e de autoridades como o governador da Bahia, Jacques Wagner, do prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, o ministro da Integração Nacional, Gedel Viera Lima, além de secretários estaduais e municipais e políticos de diversos partidos. Atrás do desfile oficial, vieram os milhares de participantes, alguns organizados em blocos e agremiações, outros simplesmente seguindo a multidão.
Protesto e animação
Puxado pela banda Tomalira, o bloco do PCdoB foi um dos primeiros da fila. Organizados e munidos de muita disposição, os comunistas levaram para as ruas o protesto contra o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) aprovado no final de 2007, mesmo contra a vontade da população de Salvador. “PDDU de João: presente de grego”, “Não à destruição das últimas áreas verdes da cidade” diziam alguns dos cartazes impunhados pelos militantes. Nas calçadas e janelas o povo aplaudia a passagem do cortejo e parava para prestar à atenção às placas e faixas.
Para a vereadora Aladilce Souza (PCdoB), “a recepção calorosa da população ao PCdoB é reflexo da postura aguerrida do partido contra as manobras para aprovação do PDDU sem discussão com a sociedade”. O argumento é reforçado pelo vereador comunista Reginaldo Oliveira, que ressalta a importância do PCdoB no caso do PDDU.”Apesar das pressões, não nos intimidamos e denunciamos os reais interesses por trás dos pontos mais polêmicos do plano diretor como a verticalização da orla”, concluiu Oliveira. O vereador Everaldo Augusto concorda com os colegas, lembrando que “fomos os primeiros a levantar a bandeira contra o projeto de PDDU do prefeito. Mais do que isso, fomos para as ruas protestar antes, durante e depois da aprovação do projeto. O povo reconhece isso.”
Acenos e aplausos
À frente do bloco estavam os deputados federais Alice Portugal e Daniel Almeida, os deputados estaduais Javier Alfaya e Álvaro Gomes, além dos vereadores Aladilce Souza, Everaldo Augusto, e Reginaldo Oliveira. A vereadora e pré-candidata a prefeita de Salvador, Olívia Santana, se juntou ao bloco comunista após fazer parte do cortejo oficial durante parte do percurso. Sua chegada foi saudada euforicamente pelos militantes e a partir de então as saudações ao bloco do PCdoB se tornaram mais intensas. Da calçada, muitos acenavam para a vereadora, enquanto outros se apressavam em fazer fotos ao seu lado.
“Durante a caminhada, tivemos mais uma prova da grande receptividade alcançada por nossa candidatura. As pessoas se identificam com as bandeiras do PCdoB e com a nossa luta em defesa da cidade. Isto é uma prova de que a nossa tática política está correta”, afirmou Olívia Santana ao chegar na Colina Sagrada. A força da candidatura comunista ficou evidente também pelo assédio da imprensa local à vereadora durante todo o cortejo.
Quem tem fé vai a pé
A homenagem ao Senhor do Bonfim é uma das maiores festas populares e democráticas de Salvador. Ao contrário do Carnaval, onde cordas separam o povo dos trios, no cortejo o acesso é garantido a todos. Para participar, basta apenas ter disposição para percorrer os 8km até a Igreja do Bonfim. Mas se o fôlego não dá para tanto, há muitas barracas de comidas e bebidas no meio do caminho, onde é possível sentar e continuar os festejos.
Existe também a opção de esperar o cortejo na Colina Sagrada. Indicado para quem não quer perder a lavagem das escadarias e o banho de água de cheiro das baianas. De acordo com a crença popular, o ritual traz muita sorte para o ano que está começando. Mas depois de participar pelo menos uma vez, é possível perceber que a chegada ao Bonfim é apenas uma parte do rito, que começa com a missa na Conceição e vai se completando a cada passo da caminhada. O longo percurso é o espaço necessário para observar a criatividade, a animação e a resistência do povo baiano, que não se incomoda com o sol, não foge da chuva, nem desiste de manter suas tradições.
De Salvador,
Eliane Costa