Boal, do Teatro do Oprimido, é candidato ao Nobel da Paz
Acostumado a figurar no rol dos grandes criadores do teatro, o nome do brasileiro Augusto Boal foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2008. Boal terá como concorrentes figuras como o líder progressista e ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, além do
Publicado 21/01/2008 16:32
Até o dia 31 de janeiro, o comitê norueguês receberá manifestações e cartas de apoio às candidaturas. Depois disso, vai se reunir para analisá-las e escolher os nomes oficiais de 2008. O anúncio do prêmio, jamais ganho por um brasileiro, acontecerá em outubro. Dada a acirrada concorrência, as chances de o prêmio vir para o país são poucas. Mas a candidatura de Boal é um reconhecimento de um longo e louvável trabalho.
Boal está à frente do Centro de Teatro do Oprimido (CTO), no Rio de Janeiro. Sua indicação se deve à trajetória dessa metodologia que – criada nos anos 60 e inspirada na obra do educador Paulo Freire – mistura arte com ação social. O objetivo é transformar a realidade através de um diálogo a partir da sistematização de exercícios, jogos e técnicas teatrais. Os participantes brincam com figurinos, criam poesias e fazem debates com políticos e historiadores.
Com isso, o Teatro do Oprimido tem o propósito de democratizar os meios de produção teatral e o acesso das populações oprimidas. Inicialmente utilizado por camponeses e operários, hoje é amplamente aplicado por professores, estudantes, trabalhadores sociais e organizações não-governamentais em escolas, igrejas, teatros, prisões, entre outros.
Mas, sob o lema “aprende quem ensina”, a presença de Boal extrapola os palcos brasileiros. Sua teoria – envolvendo dramaturgia, grupos populares e direitos humanos – está presente em mais de 70 países. Aos 77 anos, ele é um dos mais importantes teatrólogos atuantes hoje no Brasil.
MST
O teatro existe no MST como manifestação estética espontânea desde a origem do movimento, junto à música, à poesia e às artes plásticas. De forma organizada, ganhou força a partir da parceria entre o MST e o Centro do Teatro do Oprimido, iniciada em fevereiro de 2001.
Com essa experiência, nasceu a Brigada Nacional de Teatro Patativa do Assaré, um grupo de militantes de vários estados do país, que tem a tarefa de formar novos multiplicadores e formar grupos nos acampamentos e assentamentos. Hoje, existem cerca de 35 grupos de teatro do MST nas áreas de reforma agrária espalhadas pelo país.
Da Redação, com MST e CartaCapital