Fiéis da Igreja Universal lançam 28 processos contra 'Folha'
Desde o início da semana passada, 28 fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus entraram na Justiça com ações individuais contra a empresa Folha da Manhã S.A., que publica a Folha de S.Paulo. Os religiosos contestam a reportagem “Universal chega
Publicado 21/01/2008 18:59
Segundo o processo, a reportagem insinuou que os membros da igreja são pessoas inidôneas – e que o dízimo pago por eles é produto de crime. O jornal e a repórter estão sendo processados por danos morais. De acordo com informações do site Consultor Jurídico, as petições movidas pelos autores são praticamente iguais, com citações bíblicas e parágrafos idênticos.
A ação ajuizada pelo pastor Nalcimar Estevam Araújo, de Jaguarão (RS), representado pela advogada Maristela Carvalho de Freitas, possui 23 parágrafos idênticos ao iniciado por Ailton Cantuário da Silva, de Catolé do Rocha (PB), que é defendido pela advogada Kaline Gomes Barreto.
A matéria traça um panorama econômico dos 30 anos da Igreja Universal, completados em julho de 2007. Diz que a Igreja não é detentora apenas de empresas de comunicação (23 emissoras de TV e 40 de rádio) como também seria dona de agência de turismo, saúde, imobiliária e empresa de táxi aéreo, indiretamente, por meio dos bispos da Universal.
O trecho que mais provoca polêmica é o seguinte: “Uma hipótese é que os dízimos dos fiéis sejam esquentados em paraísos fiscais”. A especulação da repórter gira em torno da empresa Cremo Empreendimentos – que, segundo a Folha, financiaria a compra das empresas pelos bispos e teria ligações com a Cableinvest, localizada no paraíso fiscal da Ilha de Jersey, no Canal da Mancha.
Teor das ações
Fiéis de cidades como Alegre e Barra de São Francisco, no Espírito Santo, e Bom Jesus da Lapa e Canavieiras, na Bahia, expressam seu descontentamento. Dizem que passaram a ser desrespeitados publicamente, chamados de “safados”, e que os xingamentos teriam relação com a reportagem. “Você não lê jornal, não?”, teria dito um dos ofensores.
Os religiosos entraram com ações muito semelhantes no Juizado Especial Cível (ex-Juizado das Pequenas Causas). Pediram um valor indenizatório a ser estipulado pelo juiz. A Folha de S.Paulo assumirá a defesa da repórter.
A advogada Taís Gasparian, contratada pela Folha, diz que a defesa ficará em torno da inexistência de uma citação formal aos fiéis da Igreja na matéria. “As pessoas não foram mencionadas na reportagem”, afirmou.