MST ocupa fazenda milionária de traficante Abadia no RS
Cerca de 300 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam, na manhã desta segunda-feira (21/1), a Fazenda Finca, no município de Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre (RS). A área pertencia ao traficante colombian
Publicado 21/01/2008 17:10
O imóvel irá a leilão pelo Ministério da Justiça ainda nesta segunda. Em 9 de janeiro, a fazenda gaúcha, de 36 hectares, foi ofertada em leilão, mas não recebeu ofertas de compradores. Avalia-se que seu valor chega a R$ 1,7 milhão. O MST reivindica que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) compre a área com TDA (Títulos da Dívida Agrária).
Em diversas audiências com movimentos sociais do campo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a transformar áreas adquiridas com dinheiro do tráfico em assentamentos para trabalhadores sem-terra. Segundo o movimento, as famílias sem-terra pretendem fazer uma área de experimentos agroecológicos e de cultivo de hortigranjeiros.
Os agricultores denunciam também que o Incra não avançou para cumprir a meta de assentamento de mil famílias até abril. O acordo foi assumido no final da marcha em direção à Fazenda Guerra, em novembro – mas até hoje nenhuma família foi assentada.
Além disso, o a ocupação defende que o agronegócio tem sido uma das principais formas de lavagem de dinheiro do crime organizado, conforme já havia denunciado o juiz Odilon de Oliveira, da vara especializada em lavagem de dinheiro. A Fazenda Finca está estimada em R$ 1,7 milhões. Caso semelhante foi o da Cabanha Dragão, utilizada para lavagem de tráfico de armas e que, depois da ocupação pelo MST, foi transformada em pré-assentamento.
Leilão
A oferta dos bens de Ramírez Abadia foi determinada pelo juiz Fausto Martin de Sanctis em novembro do ano passado. O colombiano foi preso em agosto, em São Paulo, durante a Operação Farrapos, da Polícia Federal (PF). Com uma fortuna estimada em R$ 3,4 bilhões, ele é suspeito de mandar matar 15 pessoas nos Estados Unidos e outras 300 na Colômbia.
Em entrevista ao portal G1, o leiloeiro responsável pelo processo, Renato Moyses, disse acreditar que a ocupação não prejudica o leilão. Ele afirma que, por enquanto, a negociação marcada para a tarde desta segunda-feira será mantida. “O juiz responsável pela venda vai cuidar do processo para a retirada das pessoas da propriedade.”