Investir em estradas para desenvolver o país
O deputado Flávio Dino aborda em seu artigo semanal no Jornal Pequeno defende medidas de recuperação das estradas brasileiras e de aumento da segurança aos usuários.
Publicado 30/01/2008 09:28 | Editado 04/03/2020 16:48
Já virou tradição depois do Carnaval ou de qualquer outro feriado prolongado a Polícia Rodoviária divulgar balanços alarmantes de acidentes e mortes nas estradas, que batem recordes a cada ano. Neste início de 2008, antes mesmo da festa começar, perdemos num trágico acidente em rodovia de Minas Gerais a windsurfista Dora Bria, como que a nos alertar para a responsabilidade redobrada que exige uma viagem rodoviária atualmente no Brasil. Entre as causas da maioria dos acidentes, destacam-se a imprudência dos motoristas e a péssima conservação das estradas.
Num país com uma malha rodoviária gigantesca como o nosso, por onde circulam mais de 90% do transporte de passageiros e 61% do de cargas, é imprescindível, antes de qualquer tomada de decisão sobre investimentos em recuperação, conhecer o real estado dessas estradas, tanto das que estão sob responsabilidade da gestão pública quanto as que estão a cargo de concessionários privados.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) há anos percebeu a necessidade – não apenas setorial mas também social – dessa avaliação e, desde 1995, realiza anualmente uma pesquisa minuciosa nas rodovias pavimentadas de todo país, abrangendo as federais e também as estaduais. Na última edição, a 12ª da pesquisa, recém publicada, avaliou uma extensão de nada menos que 87.592 quilômetros, em que pesquisou fatores como a extensão e o estado de conservação dessas rodovias, de seu pavimento, sinalização, geometria (traçado nas retas, curvas e rampas), limites de velocidade, acostamento e obras de arte (pontes e viadutos, por exemplo).
Os resultados indicaram uma situação geral desfavorável – 73,9% do total avaliado, o que equivale a mais de 64 mil quilômetros, foram classificadas como Regular, Ruim ou Péssimo. Com relação ao pavimento, a avaliação também não é boa: 54,5% de nossas rodovias estão neste mesmo patamar negativo. Pior: 18,7% apresentam predominância de defeitos como afundamentos, ondulações e buracos ou, então, encontram-se totalmente destruídas. É uma extensão deficiente grande, que preocupa pois, em função do intenso tráfego e das intempéries naturais, os problemas detectados podem evoluir rapidamente para situações críticas de segurança, custo de recuperação e desempenho operacional.
No Maranhão, a CNT pesquisou mais de 5 mil quilômetros de estradas, entre estaduais e federais. O resultado não é nada animador. Nas estaduais, impressionantes 92% foram avaliados como Regular, Ruim ou Péssimo. Nem 1% (0,9) das rodovias estaduais maranhenses conseguiu obter a classificação Ótimo. Isso reforça o acerto da prioridade que o governador Jackson Lago determinou para a recuperação da malha rodoviária de nosso estado, em parceria com as prefeituras municipais. Nas rodovias federais, a situação não é muito diferente: todos os trechos que passam pelo Maranhão estão classificados nessas três categorias negativas.
É de extrema importância que uma instituição como a Confederação Nacional dos Transportes comprove o que os cidadãos, caminhoneiros e motoristas de ônibus vivenciam todos os dias. Ao apontar esse enorme gargalo na oferta de infra-estrutura viária no país, que tantos custos desnecessários geram para o produtor e o consumidor brasileiro, ela reafirma que o debate sobre soluções para o problema é urgente e inadiável.
Como deputado federal, venho tentando viabilizar investimentos que ajudem a melhorar a situação de nossas estradas. Por exemplo, considero ser urgente a duplicação da BR-135, único acesso a nossa capital, São Luís, e que está sobrecarregado pela circulação incessante de milhares de carros, caminhões e ônibus.
Além de investimentos na recuperação das estradas, outras medidas visando à ampliação da segurança de seus usuários têm o nosso apoio, como, por exemplo, a recente edição pelo Presidente Lula da Medida Provisória 415/08, que proíbe, a partir do dia 1º de fevereiro, a comercialização de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos comerciais às margens das rodovias federais. Será, sem dúvida, um fator importante para um Carnaval mais tranqüilo e alegre para todos nós.