Metalúrgicos paralisam fábrica da Fras-le na Serra

Cerca de 2,5 mil trabalhadores da fabricante de lonas de freio Fras-le paralisaram as atividades durante toda a segunda-feira em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Eles protestaram contra a demissão, sem justa causa, do metalúrgico e sindicalista Jorge Ro

Atualmente, o trabalhador integrava o conselho fiscal do sindicato, cargo amparado pela legislação trabalhista com a estabilidade de emprego. Mesmo assim, acabou sendo demitido. Além de ser ilegal, o vice-presidente do sindicato, Leandro Velho, denuncia que o desligamento do metalúrgico teria tido motivo político. A Fras-le atualmente passa por vistoria dos fiscais do trabalho por não pagar insalubridade a alguns funcionários da fábrica. Jorge, que integra o Conselho Municipal de Saúde, teria ajudado a denunciar as irregularidades.


 


“Aqui é uma empresa que trabalha com lonas de freio. E tem muitos problemas de produtos químicos na fábrica. E daí tem setores que eles pararam de pagar insalubridade. Os fiscais do trabalho fizeram uma vistoria no ano passado e acharam que, além da insalubridade, é um setor que necessita pagar periculosidade aos trabalhadores. Então estamos entrando com ações coletivas na Justiça contra a empresa”, argumenta.


 


Na parte da tarde, sindicalistas e representantes da empresa tiveram uma audiência na 4ª Vara do Trabalho em Caxias. Os trabalhadores exigiam a readmissão do metalúrgico, mas a empresa não aceitou. O gerente de recursos humanos da Fras-le, Fernando Guerra, diz não reconhecer a estabilidade do emprego de Jorge. Para o gerente, é de direito da empresa decidir sobre quem emprega.


 


“Houve o desligamento de um funcionário que, segundo o sindicato é detentor de uma garantia de emprego, de estabilidade, e a empresa entende que não. A gente entende que é um ato administrativo nosso, como tantos outros, como tantos desligamentos de outras pessoas. Uma vida normal da empresa”, diz.


 


No final da tarde os trabalhadores deixaram a fábrica, atendendo ao interdito proibitório dado pela Justiça. No entanto, os metalúrgicos afirmaram que devem realizar novas mobilizações e não descartam recorrer na Justiça.


 


A empresa Fras-le pertence ao grupo Randon e é a maior fabricante de lonas de freio no mundo.


 


 


SAIBA MAIS


 


O DEMITIDO


 


Jorge Rodrigues é funcionário da Fras-le desde 1982. Até a última sexta-feira, exercia a função de laboratorista físico. No sindicato, Jorge Rodrigues é sócio desde 1983, eleito membro da direção em 1987. Desde então, presidiu a entidade por três mandatos, eleito em 1993, 1996 e 1999. Em 2000, Rodrigues se licenciou da presidência sindical para assumir a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Urbanos na administração do prefeito Pepe Vargas (PT). Atualmente, ocupa o posto de diretor do conselho fiscal do Sindicato.


 


 
A LEGISLAÇÃO


 



A Constituição Federal assegura a estabilidade do dirigente sindical desde a sua candidatura até um ano após o término do seu mandato.
Artigo 8º, inciso VIII da Constituição Federal: é vedada a dispensa do emprego sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.


 


 
MAIS


 



Organograma



Segundo informações do site do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias, a diretoria da entidade é formada por 124 integrantes, alocados na diretoria executiva e em nove departamentos, um conselho fiscal e uma delegação perante a Federação.