Repercute internacionalmente denúncia contra Renault do Brasil

Assembléia geral nesta quarta-feira às 14 horas na porta da Renault


O francês Patrick Biu, do Comité de Group Renault, acompanha assembléia


Operários afirmam que montadora francesa pratica escravidão na fábrica

Depois de o presidente estadual do PCdoB do Paraná, Milton Alves, visitar na última sexta-feira (1) quatro trabalhadores que estão acampados desde o último dia 20 de janeiro em frente à montadora multinacional Renault, localizada no município de São José dos Pinhais, a 15 km de Curitiba, e fazer denúncia de trabalho análogo ao escravo, o assunto começou a repercutir internacionalmente. Vários veículos de comunicação nacionais e internacionais passaram a se interessar pela questão e buscam informações sobre o impasse entre a montadora e os operários no país.


 


Gilberto Miranda, Alceu Luiz dos Santos, Irineu Carvalho e Robson Jamaica estão acampados em barracas defronte à montadora de veículos na Região Metropolitana de Curitiba há 17 dias. Eles contam que a Renault quer demiti-los por “falta grave” em virtude de denúncias e protestos que fizeram no retorno das férias, em de 7 de janeiro, quando a montadora organizou verdadeiros “pelotões de guerra” para revistar e proibir a entrada na fábrica dos operários com equipamentos eletrônicos, como celulares e máquinas fotográficas, em virtude do lançamento de um novo veículo. Os quatro trabalhadores são delegados sindicais na empresa e por isso têm direito à estabilidade.


 


Fruto do desdobramento da denúncia feita pelo presidente do PCdoB e os quatro delegados sindicais ameaçados de demissão, o francês Patrick Biu, secretário-geral do Comitê de Grupo Renault (CGR), organismo internacional que representa todos os trabalhadores da montadora, sediado na França, já desembarcou ontem em São José dos Pinhais para uma rodada de negociações objetivando a suspensão das demissões e da obrigatoriedade das horas-extras. Ele participa de uma assembléia às 14 horas, durante a troca de turno na fábrica.


 


Os quatro trabalhadores acampados, que são delegados sindicais, estão ameaçados de demissão porque paralisaram a produção durante um dia em protesto à exigência de fazer horas-extras e em razão da redução do horário de almoço para aumentar a produtividade da montadora francesa, o que é ilegal pela legislação trabalhista brasileira. As denúncias foram encaminhadas aos partidos e sindicatos europeus.


 


Jamaica informa ainda que a produção de automóveis aumentou neste ano 40% em relação ao segundo semestre de 2007. Em contrapartida, o efetivo aumentou em apenas 20%. Para ele, a imposição de horas-extras pela Renault faz parte de uma estratégia para não contratar mais mão-de-obra e garantir lucros astronômicos à custa da saúde dos trabalhadores. “Estamos aguardando uma posição oficial do superintendente do Ministério do Trabalho, João Graça, que deverá se pronunciar nos próximos dias a respeito do descumprimento da Portaria Federal nº 42, do próprio Ministério do Trabalho, que regulamenta as questões do horário de almoço e das horas-extras”.


 



Foto: Jamaica e Gilberto: escravidão na Renault.


 
Serviço:

Assembléia dos Trabalhadores da Renault do Brasil
Nesta quarta-feira (6), às 14 horas, em frente à fábrica, na BR 277
São José dos Pinhais/PR
Contatos com Milton Alves (41) 8815-5946 e Robson Jamaica (41) 9151-2034.