Adeus a Chico Pinto vira um ato político

O sepultamento do ex-deputado federal Francisco Pinto (PMDB), no Cemitério da Piedade, em Feira de Santana (108 Km da capital) transformou-se ontem em ato político em defesa dos ideais do ex-parlamentar baiano: democracia, justiça, liberdade e fraternidad

Milhares de pessoas, entre familiares, amigos, autoridades e admiradores seguiram, no final da tarde, o carro aberto que conduziu o corpo de Chico Pinto entre a Prefeitura e o cemitério. O centro da cidade parou em homenagem ao ex-prefeito.


 


Ele morreu anteontem, aos 78 anos, depois de permanecer três meses internado no Hospital São Rafael, em Salvador. Hipertenso e doente renal crônico, tinha também problemas coronários.


 


O velório do ex-político aconteceu na Câmara de Vereadores, de onde seguiu, às 16 horas, para a Paróquia Senhor dos Passos.


 


A presença de 800 pessoas (estimativa da igreja) durante missa, celebrada pelo pároco Luís Rodrigues (Paróquia do Cruzeiro), foi um dos sinais da mobilização exercida por Chico Pinto, afastado de mandatos eletivos há 18 anos. A missa reuniu comunistas e cristãos, formando um amplo mosaico de variadas tendências ideológicas.


 


Ao conduzir a celebração católica, o pároco Luís Rodrigues acolheu igualmente cristãos e ateus, demonstrando que a pluralidade política também marcaria aquela despedida: “Estamos aqui fazendo história“, situou, sem modéstia.


 


A trajetória de Chico Pinto justifica a dimensão das homenagens a ele prestadas durante todo o dia de ontem. Na Câmara Federal, em Brasília, a bandeira foi hasteada a meio-pau em decorrência da morte do peemedebista histórico.


 


Prefeito de Feira de Santana, no início da década de 60, ficou pouco mais de um ano no cargo.


 


Foi deposto e preso. Em 1970, voltou à política, com mandato de deputado federal, sendo reeleito para um segundo mandato.


 


Foi dos mais combativos contra a ditadura militar. Lutou pela liberdade e pela redemocratização do País.


 


Da paróquia, o carro aberto conduziu o corpo do ex-deputado até a Prefeitura. De lá, o cortejo seguiu para o cemitério, arrastando milhares de pessoas.


 


Durante o sepultamento, ao pôr do sol, o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), ex-deputado Haroldo Lima destacou virtudes de Chico Pinto, para mostrar que ele foi um político que viveu à frente do seu tempo. O Hino Nacional embalou a cerimônia, emocionando a família e os amigos.


 


Fonte: Jornal A Tarde