Cuba aguarda com tranqüilidade escolha de novo presidente

Os cubanos aguardam neste sábado (23) com tranqüilidade a escolha, neste domingo (24), do novo presidente do Conselho de Estado, após quase 50 anos com Fidel Castro no poder. Em Havana, o clima é de absoluta calma a 24 horas da reunião da Assembléia Nacio

O líder cubano, Fidel Castro, zombou da Organização dos Estados Americanos (OEA), chamando-a de “lixeira”, em um artigo publicado pelos meios de comunicação da ilha, todos estatais, na véspera do anúncio oficial de quem será seu sucessor. “Quem quer entrar na lixeira?” é o título das “Reflexões do companheiro Fidel” que, por sua ordem, os jornais cubanos publicam nas páginas internas, mas com chamadas na capa.


 


Tomás, um pedreiro de 47 anos, aguardará o que vai acontecer: “É a primeira vez que acontece isto. É preciso esperar para ver como ficarão as coisas”.


 


Para ele, não há dúvidas de que o novo chefe de Estado e de Governo será Raúl Castro, presidente provisório desde 31 de julho de 2006, e que com o irmão de Fidel “as coisas podem melhorar um pouco”.


 


A tranqüilidade continua sendo a tônica em Cuba mesmo depois que, na terça-feira passada, o líder da Revolução Cubana, com 81 anos, anunciou nos meios de comunicação que não aceitará a renovação de seu mandato.


 


O nome do novo chefe de Estado será declarado oficialmente após a instalação de uma nova legislatura de cinco anos da Assembléia Nacional do Poder Popular, que tem duas sessões por ano. A sessão começará no Palácio das Convenções de Havana, às 10h (13h de Brasília), quando os 614 deputados eleitos no dia 20 de janeiro assumirão seus postos.


 


Depois, será eleita a nova direção do Parlamento, o presidente, os vice-presidentes e o secretário e demais membros do Conselho de Estado, integrado por 31 pessoas.


 


Enquanto o mundo comenta as mudanças institucionais em Cuba, nas ruas de Havana o povo está confiante, mesmo com o fato de que, pela primeira vez desde a sua criação, em 1976, o Conselho de Estado não será presidido pelo líder da revolução de 1959.


 


Sacha, estudante de 18 anos, disse que a política não lhe interessa. “Aqui não vai acontecer nada, e se ocorrer alguma confusão, já estaremos preparados”, disse, salientando que essa “confusão” só pode vir de fora de Cuba, em referência aos Estados Unidos.


 


Dania, de 60 anos, não acredita que a renúncia de Fidel trará mudanças, porque o líder “preparou o povo durante tempo para quando isto ocorresse”.


 


“O mais certo é que assuma Raúl. Portanto, tenho certeza de que tudo continuará como até agora”, acrescentou a cubana, que trabalha numa policlínica.


 


O jornal oficial Granma afirma hoje que os 614 deputados terão “a importantes e histórica missão” de escolher os componentes do Conselho de Estado.


 


No entanto, não faz referência direta à sucessão do “companheiro Fidel”, como este aparece na imprensa oficial desde que, na terça-feira, pediu para ser chamado assim.


 


Em Havana, pelo menos abertamente, apenas diplomatas, analistas e correspondentes estrangeiros fazem debates sobre quem serão os novos presidente, vice-presidentes, líderes do Parlamento e demais integrantes dos conselhos de Estado e de Ministros. 


 


Fonte: Agência EFE