Cesar Maia quer entregar obra de 460 milhões para a iniciativa privada por menos de 100 mil reais

A polêmica obra da Cidade da Música Roberto Marinho, que é alvo de investigação do Ministério Público e de uma CPI de autoria do Vereador Roberto Monteiro, nem foi inaugurada e já está em processo de licitação para ser administrada pela iniciativa privada

O que chama atenção é o valor do preço mínimo que está sendo cobrado: 97 mil reais pelos 25 anos de concessão. Para o vereador Roberto Monteiro, autor do pedido de CPI, o preço mínimo é um verdadeiro escândalo. “Ao propor um preço mínimo ridículo como esse a prefeitura desvaloriza um equipamento que até agora já consumiu mais de 460 milhões de reais. O valor cobrado pela concessão de 25 anos representa apenas 3880 reais por mês ou menos de 11 reais por dia”.



O edital de concorrência lançado pela prefeitura diz, na página 3, que “o valor mínimo de outorga foi definido de acordo com o estudo de viabilidade econômica elaborado pela empresa Ernest e Yong”. Para Roberto Monteiro isso é prova da incompetência da prefeitura. “Ora, o estudo de viabilidade só foi feito depois que a obra estava em andamento. Como é que pode um estudo de viabilidade depois que se inicia a obra? E se o estudo mostra que o empreendimento é inviável economicamente, entrega-se a obra quase de graça? O edital é tão escandalosamente generoso, que estipula que mesmo este valor ridículo de 97 mil reais só será pago depois de mais de dois anos de transcorrida a concessão”.



Para o vereador do PCdoB fica cada vez mais claro que só uma investigação isenta pode apurar o que de fato aconteceu em relação aos gastos com a cidade da música. “Existem muitos questionamentos que a prefeitura precisa responder para que a população possa saber exatamente porque tantos recursos foram aplicados na Cidade da Música”.  



CPI chapa-branca



“Colocaram a raposa para tomar conta do galinheiro”, denunciou o vereador do Rio, Roberto Monteiro à imprensa, logo após a plenária de segunda à noite (3 de março) que decidiu a presidência e a relatoria da CPI da Cidade da Música nas mãos do DEM e do PMDB, partidos que integram a base governista.



O vereador Roberto, tentando evitar que a aliança partidária manobre as investigações da CPI, propôs que a comissão trabalhasse em parceria com o Ministério Público que já abriu inquérito para apurar os gastos com a obra na Barra da Tijuca.  A proposta acabou derrotada na comissão por três a dois, graças ao voto dos parlamentares governistas: Jorge Felipe (PMDB), Carlos Caiado (DEM) e Paulo Cerri (DEM), que detêm a maioria entre os cinco membros da comissão.



“É uma aliança para se montar uma CPI chapa-branca”, indignou-se Roberto, que avisou que continuará a lutar para se checar a fundo as contas da construção, que já custou mais de R$ 460 milhões dos cofres municipais.