Obama continua à frente, Hillary explica por que continua
A senadora Hillary Clinton (democrata, Nova York) proclama que continua no páreo pela indicação democrata, com a apertada vitória na “crucial terça-feira” de 4 de março. Mas ela falhou em superar sua desvantagem numérica para obter a indicação pelo par
Publicado 05/03/2008 20:27
Barak Obama mantém uma vantagem de mais ou menos 100 delegados, conforme a maioria das estimativas da mídia. Mas, com apenas 600 delegados eleitos a serem escolhidos, e ambos os candidatos a mais de 700 delegados de atingir a maioria necessária para vencer, é cada vez mais provável que a indicação democrata será decidida lá pelo fim da primavera e muito possivelmente pelo maligno processo do voto dos superdelegados [democtratas com postos políticos, que votam na convenção sem serem eleitos nas primárias].
Peripécias da votação
A noite começou com a 12ª vitória consecutiva de Obama, em Vermont, mas rapidamente desviou-se. Hillary obteve desde cedo uma primazia em Ohio, que chegou perto dos 10 pontos depois que os votos foram contados.
A falta de cédulas no distrito de Cleveland, um reduto de Obama, provocou alguma controvérsia. Embora os advogados ca campanha de Obama tenham convencido um juiz de manter as urnas abertas por uma hora e meia a mais, porém não há informações sobre quantos votos podem ter sido perdidos no processo.
A secretária de Estado do Ohio, Jennifer Brunner, que supervisionou o controvertido processo das eleições no estado e apoiou Hillary Clinton, negou que a carência de cédulas em Cleveland tenha causado perdas de votos.
O esforço da campanha de Obama no Ohio incluiu um esforço massivo de telemarketing, que proclama ter atingido mais de 1 milhão de eleitores no Texas e Ohio. Ativistas de Michigan, Viergínia e Illinois atravessaram a fronteira para ganhar votos. Centenas de apoiadores de Obama em Columbus, Ohio, fizeram uma marcha para as primárias, participando do processo desde o fim de semana.
No final, contudo, esses esforços parecem não terem sido suficientes para suplantar a incisiva campanha negativa da equipe de Hillary. Conforme as pesquisas de boca-de-urna, a maioria dos votantes do estado achava que Hillary disparou um ataque despropositado, mas no final a maior parte colocou-se ao lado dela nas urnas.
A “crise das 3 da madrugada”
Em especial, a campanha de Hillary Clinton veiculou uma inserção na TV, contecida como “3 am” (3 da madrugada) e copiada de uma peça da campanha de Walter Mondale em 1984. Nela, proclama que Obama não estaria preparado para o caso de uma crise internacional. Barak respondeu dizendo que a crise das 3 da madrugada já acontecera, no Iraque, em 2003, e tanto Hillary como John McCain [o virtual candidato presidencial republicano] fizeram a escolha errada, de ir para a guerra.
Os eleitores do movimento sindical do Ohio representavam aproximadamente 34% do total e apoiaram Hillary mais ou menos na mesma proporção dos outros estados. Os sindicalistas jogaram um grande papel visando trazer os problemas econômicos para a pauta da primária.
Os votantes que citaram a Guerra do Iraque como sua maior preocupação apoiaram Obama.
A polêmica sobre o Nafta
Uma grande questão foi o papel do Nafta [Área de Livre Comércio da América do Norte] e outros acordos de livre comércio no extermínio das indústrias do Ohio. Embora ambos os candidatos defendessem a revisão do impopular acordo de comércio e a busca de caminhos para que ele não cause de,missões, Obama não conseguiu contornar a denúncia de Hillary, de que membros de sua campanha tinham dito a funcionários canadenses que os reparos do candidato ao Nafta eram mera retórica de campanha.
Uma reportagem do Washington Post na terça-feira mostrou que o encontro de 8 de fevereiro entre o representante da campanha Obama Austan Goolsbee e o cônsul-geral canadense em Chicago de fato incluia a discussão do projeto do senador, de modificar o Nafta em função das preocupações trabalhistas e ambientais dos trabalhadores dos EUA.
Conforme o memorando divulgado pelo governo do Canadá, Goolsbee disse aos canadenses que eles pretendiam reformar o acordo de comércio, “em favor de uma linguagem mais forte e clara quanto à mobilidade do trabalho e ao meio ambiente, tentar estabelecê-los como princípios mais 'nodais' do tratado”.
Os adeptos do trabalhismo e do ambientalismo acusam a administração Bill Clinton de marginalizar os direitos dos trabalhadores e as preocupações ambientais nas negociações originais do Nafta, nos anos 90, para obter o apoio republicano para o acordo no Congresso.
A resposta de Obama, de que Hillary foi por muito tempo uma apoiadora do Nafta, antes da recente campanha no Ohio, não conseguiu suplantar a suspeita lançada por esta, de que ele tinha duas posições quanto ao tema.
Campanha negativa
Na véspera das primárias, a senadora apresentou o que muitos observadores enxergaram como o seu mais controvertido argumento. Na segunda-feira, críticos da campanha Hillary argumentaram que ela apoiara [o candidato republicano] John McCain contra Obama, quando dissera: “Penso ter toda a experiência de uma vida que levarei à Casa BRanca e que o senador John McCain tem toda uma vida de experiência que ele levará à Casa Branca”.
Os jornalistas também sugerem que, quando perguntada especificamente, Hillary relutou em denunciar decididamente os falsos rumores sobre as convicções religiosas de Obama, insinuando que em segredo ele podia ser muçulmano.
No último minuto, como mostram as pesquisas, a campanha negativa no Ohio e Texas ajudou a inclinar votos indecisos em favor da senadora.
No Texas, Hillary e Obama pareceram dividir ao meio o sistema estadual do “prima-caucus”, com uma vitória raspando de Hillary, na primária, e uma vantagem similar de Obama nos caucus [espécie de assembléias que escolhem 35% dos delegados texanos, conforme as heterodoxas regras eleitorais americanas], embora os resultados finais dos caucus não tinham sido divulgados no momento em escrevo. Vermont pendeu para Obama por uma larga vantagem, enquanto em Rhode Island venceu no último minuto a disputa com Barak.
As campanhas depois da terça
Em seu discurso da vitória na terça-feira, Hillary apresentou um argumento para estar no páreo apesar de ter falhado em vencer por margens elevadas o bastante para suplantar a liderança de Obama. “Estamos em marcha, estamos nos fortalecendo e vamos fazer toda a caminhada. Milhões de americanos ainda não se pronunciaram e eles querem ter a sua vez”, disse ela, para uma pequena mas exuberante aglomeração em Columbus, Ohio.
A campanha de Obama menosprezou os resultados. Para ele, o 4 de março mostrou o desmoronamento da forte vantagem de Hillary nesses quatro estados conforme as pesquisas de fevereiro. Os apoiadores de Obama destacam a suua constante liderança no voto popular na soma de todas as 41 primárias e caucus que já ocorreram, uma vantagem de mais de 100 delegados e vitórias em 28 estados, contra 13 de Hillary.
“O tempo está correndo”, disse o porta-voz da campanha de Obama, David Axelrod. “Em algum ponto, a campanha vai convergir em torno da indicação, e o indicado vai ser Barak Obama”.
Fonte: http://www.pww.org; intertítulos do Vermelho