Chico Lopes homenageia personalidade da cultura nordestina
Para marcar o aniversário de morte de uma das maiores expressões da literatura nordestina, o deputado federal Chico Lopes (PCdoB/CE) falou sobre Leandro Gomes de Barros.
Publicado 06/03/2008 16:51 | Editado 04/03/2020 16:36
O dia 4 de março de 2008 marca os 90 anos da morte do maior expoente da Literatura de Cordel do Brasil. Paraibano nascido em novembro de 1865, na Fazenda Melancia, no Município de Pombal, hoje Paulista, na Paraíba. ''Leandro é considerado o rei dos poetas populares e pioneiro na publicação de folhetos. Por isso, nossa homenagem a um dos maiores poetas deste país'', afirma Lopes.
Durante o pronunciamento, o parlamentar contou um pouco da história deste nordestino ilustre. ''Ainda criança, Leandro mudou-se para a Vila do Teixeira, considerada o berço dos fundadores da Literatura Popular nordestina, onde permaneceu até os 15 anos de idade tendo conhecido vários cantadores e poetas ilustres. Depois foi para Pernambuco e fixou residência em Vitória de Santo Antão, depois Jaboatão e a partir de 1907 no Recife, onde viveu de aluguel em vários endereços, imprimindo a maior parte de sua obra poética no próprio prelo ou em diversas tipografias''.
Entre suas obras mais destacadas estão os dois folhetos – O cavalo que defecava dinheiro e O Testamento do Cachorro – que serviram de inspiração para que de Ariano Suassuna escrevesse ''O Auto da Compadecida''.
Lopes ressaltou o diferencial dos escritos de Leandro. ''Portador de grande capacidade humorística e satírica, ele foi impiedoso com as classes dominantes, tendo sido crítico mordaz da República Velha, dos ingleses, dos impostos, dos vícios do clero e dos abusos praticados pelos senhores de engenho da Zona da Mata. Foi um dos poucos populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, que foram centenas''.
O parlamentar ressaltou o reconhecimento de outro ícone da literatura brasileira. ''Na crônica intitulada 'Leandro, O Poeta', publicada no Jornal do Brasil em 9 de setembro de 1976, Carlos Drummond de Andrade o chamou de ''Príncipe dos Poetas'' e assinala: 'Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro'.
''Ao registrar esta data, queremos homenagear a cultura de nosso povo, a cultura nordestina e a luta da nossa gente, o povo brasileiro contra as seculares injustiças sociais que marcam a história do Brasil'', diz Lopes.
Veja o pronunciamento na íntegra:
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, dia 04 de março de 2008 marca os 90 anos de morte do maior expoente da Literatura de Cordel no Brasil, Leandro Gomes de Barros. Paraibano nascido em 19 de novembro de 1865, na Fazenda da Melancia, no Município de Pombal, hoje município de Paulista-PB, Leandro é considerado o rei dos poetas populares e o pioneiro na publicação de folhetos rimados.
Ainda criança mudou-se para a Vila do Teixeira,considerada o berço dos fundadores da Literatura Popular nordestina, onde permaneceu até os 15 anos de idade tendo conhecido vários cantadores e poetas ilustres. Depois foi para Pernambuco e fixou residência em Vitória de Santo Antão, depois Jaboatão e a partir de 1907 no Recife, onde viveu de aluguel em vários endereços, imprimindo a maior parte de sua obra poética no próprio prelo ou em diversas tipografias.
Entre sua obras mais destacadas estão os dois folhetos – O cavalo que defecava dinheiro e O Testamento do Cachorro – que serviram de inspiração para que de Ariano Suassuna escrevesse ''O Auto da Compadecida''.
Portador de grande verve humorística e satírica, Leandro foi impiedoso com as classes dominantes, tendo sido crítico mordaz da República Velha, dos ingleses, dos impostos, dos vícios do clero e dos abusos praticados pelos senhores de engenho da Zona da Mata. Foi um dos poucos populares a viver unicamente de suas histórias rimadas, que foram centenas. Leandro versejou sobre todos os temas, sempre com muito senso de humor. Começou a escrever seus folhetos em 1889, conforme ele mesmo conta nesta sextilha de A Mulher Roubada, publicada no Recife em 1907:
Leitores peço-lhes desculpa
se a obra não for de agrado
Sou um poeta sem força
o tempo me tem estragado,
escrevo há 18 anos
Tenho razão de estar cansado.
Na crônica intitulada Leandro, O Poeta, publicada no Jornal do Brasil em 9 de setembro de 1976, Carlos Drummond de Andrade o chamou de ''Príncipe dos Poetas'' e assinala: ''Não foi príncipe dos poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e do Brasil em estado puro''.
E diz mais: ''Leandro foi o grande consolador e animador de seus compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em revista acontecimentos fabulosos e cenas do dia-a-dia, falando-lhes tanto do boi misterioso, filho da vaca feiticeira, que não era outro senão o demo, como do real e presente Antônio Silvino, êmulo de Lampião''.
Após o seu falecimento, em 4 de março de 1918, no Recife, o poeta e editor João Martins de Athayde, em seu folheto A Pranteada Morte de Leandro Gomes de Barros, escreveu:
Poeta como Leandro
Inda o Brasil não criou
Por ser um dos escritores
Que mais livros registrou
Canções não se sabe quantas
Foram seiscentas e tanta
As obras que publicou
Ao registrar essa data queremos homenagear a cultura de nosso povo, a cultura nordestina e a luta de nosso povo, o povo brasileiro contra as seculares injustiças sociais que marcam a história do Brasil.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.