Jornalistas denunciam cerceamento policial no RS

O Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul irá denunciar ao Ministério Público Estadual ainda nesta semana a truculência da Brigada Militar contra profissionais durante a atividade das mulheres da Via Campesina no município de Rosário do Sul, na

Na terça-feira passada (04), 900 agricultoras ocuparam a Fazenda Tarumã e cortaram centenas de pés de eucalipto da transnacional Stora Enso para expor as práticas ilegais da empresa no Estado. Para realizar a desocupação da área, que resultou em quase 50 feridos, a Brigada Militar retirou todos os jornalistas do local e os deixou a 11 km de distância da fazenda. Também apreendeu um DVD em que um comunicador registrou o momento em que um dos comandantes da operação Lauro Binsfeld agrediu fisicamente uma das manifestantes.


 


 


A vice-presidente do sindicato, Marcia Camarano, relata que vem se tornando comum as reclamações de jornalistas que são cerceados pela Brigada Militar em ações de confronto, principalmente as relacionadas à questão da terra. Em Rosário do Sul, a novidade ficou por conta da apreensão de equipamentos e do grande isolamento da área, o que não permitiu com que os jornalistas pudessem acompanhar o despejo das manifestantes.


 


 


“De intimidar, de não querer que o jornalista fique no local, de confrontar crachá, saber para que veículo o jornalista trabalha. A gente identificou um processo de intimidação”, diz.


 



 
Mateus Silveira Flores, do Centro de Mídia Independente (CMI), teve um DVD apreendido pela polícia. Ele havia sido o único a registrar o momento em que o comandante da operação Lauro Binsfeld agrediu fisicamente uma das manifestantes. Logo que o comandante soube que havia sido filmado, Mateus relata que foi escoltado por policiais e foi intimidado a entregar o DVD, sob a pena de ser preso caso negasse a obedecer os policiais.


 



 
“Foi nessa hora que chegou o major e disse: nós vamos ficar com o teu material. Tens duas escolhas: ou deixa o material com a gente aqui ou vamos prender a tua câmera e tu por invasão de propriedade”, conta.


 



 
Em nota lançada na sexta-feira passada (07), o sindicato dos jornalistas critica duramente o cerceamento da Brigada Militar. Para Marcia, a falta de respeito à liberdade de imprensa, direito garantido pela legislação brasileira, prejudica tanto o profissional, que não consegue trabalhar, como a população em geral.
 


 



“Nós vivemos em um Estado democrático. A época da Ditadura Militar, em que os governantes escolhiam o que deveria ser informação para a sociedade já passou. Hoje, a sociedade tem o direito cidadão de receber a informação. O indivíduo pode escolher que informação quer receber, mas a sociedade em geral precisa saber o que se passa. Nós condenamos a retirada dos jornalistas e a apreensão dos equipamentos pela Brigada Militar, inclusive de fotos, que mostravam crianças deitadas no chão”, argumenta.


 



 
A desocupação da Fazenda Tarumã pela Brigada Militar foi marcada pela violência. Na ação, cerca de 50 mulheres ficaram feridas com estilhaços de balas de borracha, cassetetes e problemas cardíacos e respiratórios decorrentes da ação. Duas mulheres grávidas entraram em princípio de aborto.


 


Foto: Comunicador teve DVD apreendido pela Brigada Militar. Crédito: Eduardo Seidl


 


www.agenciachasque.com.br