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Via Campesina contesta acusações divulgadas pela Vale

“A ocupação dos trilhos da Vale, no município de Resplendor (MG), por mil camponesas, nesta segunda-feira (10), ocorreu de forma pacífica. Ao contrário da nota divulgada pela Vale, não houve reféns no protesto, respeitando os direitos humanos dos funcioná

De acordo com a Vale as integrantes do MST também teriam depredado as instalações da Fazenda Monte Líbano, unidade de produção de carvão vegetal localizada no município de Açailândia (MA), sede administrativa da operação florestal da Ferro Gusa Carajás (FGC) no Estado, na qual trabalham cerca de 150 pessoas. Peritos da Polícia Militar foram enviados ao Maranhão para avaliar a extensão dos possíveis danos.


 


A empresa alegou ainda que um trabalhador da FGC teria sido cercado pelas ocupantes que “o ameaçaram com foices e porretes e obrigaram-no a entregar uma máquina fotográfica com a qual registrava o ataque”.


 


O trânsito na rodovia Belém-Brasília foi interrompido pelas ocupantes com barreira de pneus e troncos de árvores, que foram incendiados, acrescenta a nota da Vale.


 


Os ocupantes teriam anunciado ainda que podem ocupar uma outra fazenda na qual a Vale mantém um centro de pesquisas de reflorestamento e revegetação.


 


“Essa invasão pode pôr abaixo mais de 20 anos de pesquisas desenvolvidas pela empresa”, diz a nota.


 


O comunicado da mineradora informa também que a Justiça de Açailândia concedeu uma liminar para a reintegração de posse da Fazenda Monte Líbano à Vale, e determinando o cumprimento da medida judicial pela Polícia Militar.


 


Veja abaixo a nota da Via Campesina.


 



Nota da Via Campesina sobre acusações falsas da vale do Rio Doce


 


Em relação as acusações da empresa mineradora Vale (ex-Companhia Vale do Rio Doce), a Via Campesina vem a público esclarecer:
 


1. A ocupação dos trilhos da Vale, no município de Resplendor, por mil camponesas, nesta segunda-feira, ocorreu de forma pacífica, como forma de denunciar os impactos sociais e ambientais da construção da barragem de Aimorés, no Rio Doce, dentro da jornada de lutas das mulheres da Via Campesina, que acontece desde terça-feira da semana passada. Concluída em 2005, pela Vale e pela CEMIG, a barragem alagou 2 mil hectares, prejudicando diretamente duas mil famílias e, indiretamente, 100 mil famílias. Apenas 40 famílias foram reassentadas, enquanto os demais desalojados permanecem abandonados pelas empresas.
 


2. Ao contrário da nota divulgada pela Vale, não houve reféns no protesto, respeitando os direitos humanos dos funcionários da empresa, que puderam sair da área logo depois da ocupação dos trilhos da empresa. Jornalistas de diversos meios de comunicação circularam durante todo o dia, durante a ocupação, e são testemunhas de que nenhum trabalhador da empresas ficou detido.
 


3. As falsas informações divulgadas pela Vale, depois encerrada a ocupação e liberados os trilhos, pretendem evitar que a sociedade tome conhecimento das denúncias das camponesas contra a empresa. Trata-se de uma “cortina de fumaça” para esconder os impactos sociais da atuação da Vale, que busca preservar a falsa imagem de que a Vale está ao lado do povo brasileiro e trata problemas sociais como caso de polícia.
 


10 de março de 2008,
 
Via Campesina Brasil


 


Fonte: Assessoria de imprensa da Via Campesina