As flores de São Benedito

O município de São Benedito ajuda o Ceará a ocupar quase o topo do ranking das exportações da floricultura nacional. Campos de flores coloridas, estufas modernas com eficientes sistemas de produção e até um tipo de rosa vermelha exclusiva do Ceará podem s

As imagens idílicas que os cearenses ainda não estão acostumados a ver já são mais que realidade no alto da Serra da Ibiapaba, mais precisamente em São Benedito, município que está ajudando o Ceará a ocupar quase o topo do ranking das exportações da floricultura no Brasil.


 


 


Nem os problemas com câmbio intimidaram o desenvolvimento do setor. De acordo com o consultor do Instituto Agropólos do Ceará, José Rubens Aguiar, no cenário atual, o Estado figura como segundo maior exportador dos produtos da floricultura nacional e o primeiro, quando se trata, especificamente, de rosas e flores tropicais, como as do campo.


 


 


“Em 2007, exportamos em torno de US$ 5 milhões. A floricultura brasileira cresceu em torno de 9%, e o Ceará, 4,5%, em relação ao ano anterior, com destaque para alguns produtos. É aquém do que pensávamos, mas interessante, porque continuamos crescendo”, ressaltou Aguiar.


 


 


O destaque a que se referiu o analista é, principalmente, do cultivo de flores tipo bulbos, que vem chamando atenção na Paraipaba, além das exportações de rosas da empresa Reijers, na zona norte do Estado. “Alguns setores surpreenderam bastante, como os bulbos, que representaram 65% das nossas exportações ano passado. É um crescimento significativo, porque eles passaram de 2,5 milhões para 3,5 milhões. Isso representa um novo subsetor dentro da floricultura. Já a Ibiapaba, no norte do Ceará, ficou responsável por 71% das rosas exportadas pelo Brasil em 2007. Eles dominam o mercado de exportação de rosas no País, embora lá (na Serra da Ibiapaba) existam muitos pequenos produtores com diversos outros produtos, colocando não somente no mercado de Fortaleza, mas em Estados como Piauí, Maranhão e outros”, disse o analista.


 


 


De acordo com Rubens Aguiar, que também é coordenador do FloraBrasilis, Projeto Setorial Integrado de Promoção à Exportação de Flores e Plantas Ornamentais do Brasil, patrocinado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex Brasil), em parceria com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), em 2007, a produção da floricultura cearense teve como principal destino Holanda (76,63%), Estados Unidos (24,51%) e Portugal (3,53%). “Veja que Espanha, Canadá, Rússia e França também despontaram dentro das exportações. Temos perspectiva de continuar crescendo e aguardamos, ansiosamente, a mudança do quadro cambial”, destacou.


 


 


Outro ponto evidenciado por Rubens Aguiar, foi o fato de o Instituto Agropólos do Ceará agora ser o representante oficial da MPS / ECAS no Brasil e em toda América do Sul, parceria que objetiva trazer para o Brasil benefícios do maior sistema de certificação da floricultura mundial, reduzir impactos ambientais, firmar a imagem da floricultura brasileira, além de possibilitar diferenciais de preços para produtos certificados. “Um sistema de produção sustentável e socialmente correto é uma valiosa chave para a abertura de portas aos exportadores brasileiros nos principais mercados consumidores, principalmente no europeu. Num futuro breve, a perspectiva é que estas mesmas práticas passem a ser obrigatórias. Daqui a pouco a certificação não será um diferencial de mercado, mas uma exigência”, afirmou Rubens.


 


 


No Ceará, a produção de rosas, flores, plantas e bulbos tem destaque na Região Metropolitana de Fortaleza, Maciço de Baturité, Serra da Ibiapaba e, também, Cariri.


 


 


Cláudio Fogaça é natural de Holambra, município do Interior de São Paulo conhecido internacionalmente como “Cidade das Flores”. Nasceu e cresceu dentro do ofício da floricultura até que um dia conheceu as terras do Ceará. Como empregado de uma das maiores empresas do ramo no Sudeste, aos poucos aprendeu a dominar segredos e técnicas para cultivar as variedades flores no campo.


 


 


Hoje, seis anos depois de muita dedicação e disciplina, o ex-empregado virou proprietário da Flora Fogaça. Mudou-se de vez para a Serra da Ibiapaba para cuidar, dia e noite, de 30 diferentes tipos de crisântemos, além de tango, aster e gipsofila, que cultiva em cinco hectares de terra. E é na luminosidade e no clima da serra cearense que Cláudio Fogaça revela o segredo da sua boa produtividade no campo.


 


 


“Eu trabalhava com atacadistas até que, um dia, decidi montar meu próprio negócio. Aqui no Ceará estamos a quatro graus da linha do Equador, isso significa condições perfeitas de luz praticamente o ano inteiro”, ressalta o empresário. Hoje, os produtos da Flora Fogaça abastecem, além do mercado cearense, parte dos Estados do Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. E tudo indica que a produção tende a melhorar cada vez mais.


 


 


Por ano, as coloridas flores do campo cultivadas na Flora Fogaça produzem, em média, 100 mil pacotes. Para garantir a saúde da terra e a distância das pragas, o empresário disse que aposta na rotatividade de culturas. “Faço rotatividade com milho e feijão, para fixar nitrogênio no solo e ajudar a matéria orgânica incorporar melhor. Faço consórcio, que uso para alimentar o pouco de galinha e porco que crio.


 


 


Fonte: Diário do Nordeste