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Argentinos fazem primeiro panelaço contra Cristina Kirchner

Centenas de pessoas saíram nesta terça-feira (25) às ruas de Buenos Aires batendo panelas e frigideiras contra a presidente argentina, Cristina Kirchner. A manifestação ocorreu poucas horas depois de a líder argentina anunciar que não negociará com os pro

A bordo de tratores e de caminhões, transportando mulheres e crianças, os agricultores e criadores argentinos estão em greve e bloqueiam há 11 dias centenas de estradas nas principais províncias dos pampas, uma das regiões agrícolas mais importantes do mundo. Eles protestam contra o recente aumento, em cerca de 9%, do imposto sobre as exportações de soja e acusam o governo de conduzir uma política de perseguição em relação aos produtores rurais.



Esses piquetes perturbaram a movimentação dos turistas durante o feriado prolongado de Páscoa. Por conta dos fortes aumentos dos preços internacionais das cereais e das colheitas, que triplicaram ao longo dos últimos dez anos, a agricultura constitui, há anos, o motor do espetacular crescimento argentino. Os agricultores estão na origem de mais da metade das exportações, e, portanto, de importantes entradas de divisas no país.




Em resposta às manifestações, o ex-presidente da Argentina e marido de Cristina, Néstor Kirchner (2003-2007) convocou para esta quinta-feira, em Buenos Aires, um ato em apoio ao governo e em repúdio à greve dos agropecuários.



Novas taxas



Daqui para frente, cada tonelada de soja exportada passa a ser taxada à 44%, contra 35% anteriormente. Este aumento vem se acrescentar às outras taxas que pesam nas exportações de trigo, milho e girassol. No total, essas taxas deverão permitir ao Estado recolher uma receita de mais de US$ 11 bilhões (pouco mais de R$ 19 bilhões). Uma geração de riqueza que permite fechar todos os anos o orçamento com um superávit fiscal recorde, e ao mesmo tempo financiar, segundo o governo, uma política que favorece os setores mais pobres da economia.



Trata-se do mais grave conflito que a presidente Cristina Kirchner enfrentou até o momento, um pouco mais de cem dias depois da sua posse. Pela primeira vez, as quatro associações agrícolas da Argentina, que reúnem não só os grandes proprietários de terras como também os pequenos e médios camponeses, uniram forças para denunciar “uma extorsão permanente”.



Os produtores do setor de laticínios estão ameaçando se juntarem ao movimento de revolta dos camponeses. Este poderia desembocar no desabastecimento de leite e de carne, e ainda na suspensão das exportações. Apesar da trégua da semana santa, os argentinos, que em geral são pouco dados a consumirem peixe, já enfrentaram dificuldades para encontrar determinadas partes da carne de boi nos açougues e nos supermercados. O que vem a ser um cúmulo para um país essencialmente carnívoro: os argentinos são os maiores consumidores de carne bovina no mundo, com 74 kg por habitante e por ano.



Da redação, com agências