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Comunista coloca Chipre na rota da reunificação

Um mês depois das eleições presidenciais, os dirigentes cipriotas gregos e turcos decidiram retomar as negociações para pôr fim à divisão da ilha. Esse processo, batizado pela imprensa local de “nova era”, está traduzido pela decisão simbólica de abertura

As negociações sobre a reunificação, bloqueadas por anos, foram reabertas no primeiro encontro entre o novo presidente do Chipre, o comunista Demetris Christofias e o dirigente da República Turca do Chipre do Norte, Mehmet Ali Talat. Christofias, eleito em 24 de fevereiro, tem posições contrárias às de seu predecessor, o conservador Tassos Papadopoulos, que paralisou o diálogo com o Chipre do Norte por quatro anos.



Os dirigentes decidiram se reencontrar em três meses para examinar os resultados dos grupos de trabalho e das comissões técnicas. A partir destes documentos pretendem lançar as negociações que terão também o acompanhamento do secretário-geral das Nações Unidas.


 


Ação simbólica


 


De imediato, os dois dirigentes — próximos ideologicamente — anunciaram a abertura da rua Ledra, uma artéria turística do centro da parte velha de Nicósia, se não houver impedimento técnico. Essa passagem está fechada desde que os cipriotas turcos impuseram restrições à passagem dos cipriotas gregos, em 2003.



Na quarta-feira (18), Christofias afirmou que a abertura da rua – que é tradicionalmente o coração de Nicósia – “pode levar a uma maior comunicação entre as pessoas, de modo a reduzir o abismo entre os povos”. Os dois dirigentes, entretanto, reconhecem as dificuldades da tarefa: “Resolveremos o problema cipriota dentro do possível. Nossa posição é que isso aconteça até o fim de 2008”, declarou Mehmet Ali Talat, anunciando o começo de uma “nova era”. “Tentaremos fazer o máximo para alcançarmos uma solução”, concordou Christofias.



O Chipre está dividido desde a invasão da parte norte, em 1974, por Ankara, depois de um golpe de estado de nacionalistas cipriotas-gregos apoiados por Atenas. Cerca de 40 mil soldados turcos estão posicionados na região. A questão de sua retirada – especificamente a data dessa retirada – é um elemento central das discussões. Michael Moller, da ONU, qualificou a reunião como “positiva e cordial” e afirmou que os dirigentes “estão a um passo de uma convergência”.



Fonte: Diário Le Humanité. Traduzido por Paula Sachetta e reproduzido a partir do Brasil de Fato