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Debate sobre a paz, no Senado, condena ação dos Estados Unidos

O exemplo da guerra do Iraque, que provocou a morte de mais de um milhão de civis iraquianos, e da intenção dos Estados Unidos de conter regiões e blocos que começam a se constituir, como por exemplo, a América do Sul, foi citado na audiência pública q

O representante do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Rubens Diniz fez uma explanação sobre a defesa da paz inserida no contexto da luta por soberania e auto-determinação dos povos. Ele ressaltou que as grandes potências usam a força para manter-se à frente do poder e promover verdadeiros saques aos recursos naturais de outras nações.



“Temos duas áreas vulneráveis na América do Sul, o arco andino-amazônico, riquíssimo em recursos naturais e com fronteiras pouco vigiadas, e o Cone Sul, na região da tríplice fronteira, com grande fluxo de pessoas e que detém o aqüífero guarani. Não é coincidência a existência de uma pista de pouso no Paraguai, maior que a do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, capaz de receber 15 mil homens que podem ser mobilizados em 72 horas, criando rapidamente uma base militar avançada significativa dos Estados Unidos”, alertou.



O representante do Cebrapaz destacou a importância de um quadro de ausência de conflito para acabar com as assimetrias econômicas e citou o exemplo da iminência de um conflito entre Colômbia e Equador, que foi solucionado pelos países sul-americanos demonstrando que há saídas políticas para esse tipo de problema.



Pretexto para dominar



Autor da proposta da audiência, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) relembrou o processo de construção das nações sul-americanas, marcado por muitos conflitos e pela dominação dos colonizadores, que realizaram verdadeiros genocídios, dizimando civilizações complexas como os astecas, incas e maias.



“Naquela época, o discurso das potências européias era o de levar a civilização a esses povos, ao mesmo tempo em que pilhavam todas as suas riquezas. E hoje observamos que o mesmo discurso é usado, como no caso da invasão norte-americana ao Iraque. O pretexto é de levar a civilização, mas o que ocorre ali são atrocidades sem igual”, afirmou Inácio.



O senador indagou sobre uma possível ingerência dos países hegemônicos em conflitos separatistas que ameaçam se levantar em países como a Bolívia e a China.



Em resposta, Diniz afirmou que o conflito entre China e Tibete é uma ação orquestrada em um momento de destaque para o povo chinês com a proximidade da realização dos jogos olímpicos naquele país. Já na Bolívia os interesses dizem respeito às enormes reservas de gás natural ali existentes.



“Esses conflitos separatistas fazem parte de uma estratégia norte-americana, baseada no dividir para conquistar. À medida em que essas regiões vão fortalecendo sua autonomia, passam a constituir uma ameaça aos interesses hegemônicos dos Estados Unidos”, explicou.



Participação brasileira



Durante a reunião da CDH foi aprovada proposta do senador Inácio Arruda de criação de uma comissão de senadores para acompanhar a Conferência Mundial pela Paz, a ser realizada em Caracas, na Venezuela, entre os dias 8 e 13 de abril. Inácio lembrou que o envio de uma representação de senadores, incluindo membros da Comissão de Direitos Humanos, será muito importante não só para o Brasil, mas também para o Mercosul.



O senador pediu também à Mesa do Parlamento do Mercosul para que vote, na reunião da próxima segunda-feira (31), em Montevidéu, no Uruguai, o envio de representantes à conferência. “A manutenção da paz interessa não apenas ao Brasil, mas à todas as nações que compõem o Mercosul. Somente em um cenário de ausência de conflitos é possível que esses países progridam e eliminem suas diferenças sociais”, avaliou o senador.



Rubens Diniz acredita que a participação do Senado na Conferência de Caracas produzirá reflexos importantes, entre os quais o apoio para que o Mercosul possa ampliar-se e ganhar novo formato. “A paz no nosso continente passa pelo processo de integração”, explicou Rubens. A representação do Senado na conferência foi defendida também pelos senadores José Nery (PSOL-PA), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Arthur Virgílio (PSDB-AM).



Capital da Paz



A Conferência Mundial pela Paz está sendo organizada pelo Conselho Mundial da Paz em Caracas, que, durante os dias de realização do evento será a Capital Mundial da Paz. A proposta para este ano é voltar o debate para quatro grandes eixos: ''A Militarização das Relações Internacionais'', ''Estratégias dos Povos na Luta pela Paz'', ''A Luta pela Paz em Defesa dos Direitos'' e ''A Luta pelo Desenvolvimento e a Luta Anti-imperialista''.



Na programação paralela ao evento, haverá a exposição de fotos Crimes do Imperialismo contra a Humanidade, uma feira de livros, um cine-debate e, ainda, uma atividade cultural em solidariedade aos povos da África.



Para o encerramento das atividades do Conselho Mundial da Paz, no dia 13, foi programado ''O Dia da Luta Anti-imperialista'', uma atividade em comemoração à derrota do golpe na Venezuela.



De Brasília
Aline Pizatto
Colaborou Márcia Xavier