Somente a unidade palestina derrotará Israel, diz dirigente
Os palestinos estão convencidos de que para recuperar seus direitos e territórios roubados por Israel têm de priorizar a unidade de todas as suas forças e empreender a luta armada, assegurou esta semana em Damasco um dirigente palestino.
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Publicado 28/03/2008 14:33
“O ponto mais fraco dos palestinos, lamentavelmente, é a divisão interna, e os israelenses — apoiados pelos Estados Unidos — trabalham há anos em função disso”, reconheceu Maher al-Taher, da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).
Al-Taher, membro do birô político do FPLP e cehfe do movimento no exterior, foi entrevistado pela agência Prensa Latina nos escritórios da organização, no acampamento de refugiados de Iarmuk, um bairro pobre de Damasco onde vivem mais de 100 mil palestinos.
A situação na Faixa de Gaza e no Líbano, as pressões americanas e um recente entendimento no Iemen entre o Hamas e a al-Fatá, dominaram parte da entrevista, na qual revelou suas espectativas em relação à cúpula árabe que ocorrerá neste fim de semana na capital da Síria.
Na opinião de al-Taher, a dispersão dos palestinos em vários países incidiu na heterogeneidade de tendências ideológicas, políticas e militares, e em sua fragmentação, mas a única forma de reverter isso é semeando consciência da unidade.
A FPLP, apontou, fez os “melhores esforços” para reunificar esse povo, e em sua opinião, apesar das difíceis condições atuais a nível mundial, regional e nacional, “os palestinos ainda têm habilidades para encarar esses desafios”.
Antes de tudo, a organização fundada em 1967 pelo recém falecido George Habash está consciente de que Washington e Tel Avive “não procuram de modo algum a integridade e o respeito” de sua gente.
Recriminou os americanos e israelenses porque “quiseram impor uma paz de capitulação, não uma paz genuína, estão tratando de impor suas próprias opções e alternativas para os palestinos, sem base na legalidade internacional, que favorece este povo”.
Não lhes interessa, prosseguiu al-Taher, nem as leis internacionais nem o que diga a ONU, nem a Assembléia Geral, aceitam apenas suas próprias leis e, o pior, dizem isso e os Estados Unidos continuam apoiando seu pensamento e seus planos.
A FPLP é uma organização de ideologia marxista-leninista e em seu programa político defende a resistência armada a Israel como única via para conseguir a criação de um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital e o regresso dos refugiados.
Sobre o acordo assinado há alguns dias na capital iemenita entre as organizações Hamas e Fatá, o dirigente não pôde esconder um discreto otimismo de que seja exitoso e duradouro, porque em torno desse acordo interagem e pressionam muitas forças externas, assinalou.
De acordo com al-Taher, a FPLP “não pode esperar na cúpula da Liga Árabe em Damasco, grandes soluções para todos os problemas dos palestinos. Haverá um pronunciamento geral mas nada concreto nem nem diferente (de ocasiões anteriores)”, estimou.
Relemboru que a Casa Branca exerceu fortíssimas e abertas pressões para fazer fracassar a reunião de chefes de Estado árabes prevista para os dias 29 e 30, sobretudo pela crise no Líbano.
Para o dirigente palestino, que cursou seis anos de universidade em Bagdá, a situação no Iraque é unsustentável e o futuro muito preocupante. Os americanos, afirmou, terão que retirar-se porque a resistência é muito ativa e provoca muitas baixas.
Prognosticou que, depois das eleições presidenciais nos Estados Unidos tudo será decidido, porque se vencer um democrata este começaria, ao menos, a pensar na saída das tropas, mas defendeu por maiores ações da opinião pública mundial e, sobretudo, americana.
Nossos contatos dentro da resistência iraquiana, indicou, estão muito seguros e nos asseguraram que a situação vai piorar, e não há outra maneira para que os americanos se retirem a não ser tirá-los pela força.