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Greve dos Correios atinge 23 estados e Distrito Federal

Em greve desde segunda-feira, os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) chegaram a um acordo na tarde desta quarta-feira (2) com o Ministério das Comunicações e a direção da empresa. Segundo o secretário-geral da Fentect (Federa

O primeiro balanço da categoria sobre a paralisação — que conta com a adesão principalmente dos carteiros — é de que houve uma adesão de cerca de 80%. Até a tarde desta quarta-feira, a greve da categoria atingia 23 estados e o Distrito Federal. Apenas Minas Gerais, Roraima e Espírito Santo não aderiram ao movimento, de acordo com informações do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR).


 


Agora, a proposta do governo será submetida às assembléias nos estados. No Distrito Federal, os funcionários dos Correios decidiram aceitar o acordo e encerrar a greve na quinta-feira. Mas, segundo a assessoria de imprensa do Sintcom-PR (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná), outros 13 estados rejeitaram o acordo e resolveram continuar a paralisação.


 


Os trabalhadores exigem o cumprimento de um acordo assinado em novembro de 2007 pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, e pelo presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio. O termo de compromisso prevê o pagamento a partir de março deste ano, do abono emergencial — um adicional de risco aos carteiros — no valor de 30% do salário-base.


 


O que motivou a greve foi o não-pagamento desse abono no mês de março — o benefício vinha sendo pago desde dezembro. Aprovado em lei pelo Congresso Nacional e vetado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o abono substituiu o adicional de periculosidade. Os servidores também cobram mais contratações, a implementação de um plano de carreira e a retomada do antigo plano de pensão (Postalis), que está sendo substituído pelo Postalprev.


 


Outra reivindicação da categoria diz respeito à Participação nos Lucros e Resultados (PLR) referente a 2007 — ano em que os Correios obtiveram um lucro recorde de R$ 830 milhões. Os trabalhadores denunciam o favorecimento de chefes, gerentes e diretores dos Correios, que receberam a título de PLR valores até 300 vezes maiores que os pagos aos trabalhadores.


 


De acordo com o Sintcom-PR, o presidente dos Correios teria recebido cerca de R$ 44 mil a título de participação nos lucros. Nos estados, os diretores regionais da empresa teriam recebido aproximadamente R$ 20 mil. Por outro lado, a maioria dos trabalhadores recebeu valores inferiores a R$ 400. Há casos, denuncia o sindicato, de trabalhadores que receberam menos de R$ 150.


 


Os termos do acordo


 


Nesta quarta-feira, a comissão de greve aceitou a proposta de prorrogar por três meses o pagamento do abono emergencial de 30% sobre os salários. O acerto estabelece que, ao final dos três meses, esse bônus pode se tornar definitivo, para ser pago como adicional de risco.


 


O senador Paulo Paim (PT-RS) disse que pediu à categoria que aceitasse a proposta e terminasse a greve para continuar as negociações. “Assumi a responsabilidade de dizer que proposta é aceitável. Eles recebem o abono por mais 90 dias e, nesse período, fazem uma mesa de negociação.”


 


Amanda Gomes — uma das diretoras da Fentect que participou da negociação — informa que será instituído grupo com representantes do Ministério das Comunicações, da ECT e dos empregados. Essa comissão vai discutir o Plano de Cargos e Salários, além de participação nos lucros.


 


A Fentect promete não impor a negociação aos estados, nem sequer recomendar a aprovação. “Os sindicatos têm autonomia para decidir em assembléia, após receberem a proposta, se continuam ou não com a paralisação”, afirmou o secretário-geral Cantoara.


 


Segundo o secretário de imprensa do Sintect-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares de São Paulo), Anderson Lima, os funcionários vão aguardar a chegada da proposta oficial para submetê-la à assembléia na quinta-feira à tarde. Em São Paulo, os Correios têm 22 mil funcionários.


 


Durante o período de greve, as agências dos Correios funcionam normalmente, mas não há garantia de entrega das correspondências. Assim, os serviços que garantem a entrega em prazo pré-estipulado — Sedex 10 e Sedex Hoje, por exemplo — não funcionam.