Publicado 02/04/2008 09:02 | Editado 04/03/2020 16:36
As viúvas da ditadura militar, em especial os generais de pijama, 44 anos depois do início da terceira maior tragédia vivida pelos brasileiros, insistem e persistem na mentira para justificar o golpe militar de 1964. Várias são as mentiras defendidas pelos que rasgaram a Constituição de 1946 e subverteram a ordem institucional do País, senão vejamos:
A primeira grande mentira é chamar o golpe militar de revolução; a outra mentira é afirmar que o golpe militar aconteceu em 31 de março e não em 1º de abril, irreverentemente comemorado pelos brasileiros como o dia da mentira; muitas outras são verificadas, mas a maior e mais descarada de todas as mentiras é a afirmação de que “os militares foram chamados para salvar a democracia”. Essa é cabeluda demais da conta.
A bem da verdade, e é imperioso que todos os brasileiros saibam, o golpe já vinha sendo preparado há muito tempo. Como sempre agem, as oligarquias reacionárias brasileiras, com o respaldo da canalha da UDN e a serviço de interesses alienígenas, em especial do imperialismo norte-americano, com o irrestrito apoio da mídia conservadora, venal e golpista, usaram as Forças Armadas para a dar o golpe em 1954, não o fazendo porque o presidente Getúlio Vargas impediu com o seu suicídio em 24 de agosto daquele ano. A campanha midiática contra Vargas foi a mais sórdida que se teve notícia até então.
A canalha da UDN, sempre golpista, tudo fez para impedir a vitória de Juscelino Kubitschek em 1955. O deputado e jornalista fascista Carlos Lacerda chegou a declarar que JK não deveria ser candidato; se candidato fosse, não deveria ganhar; se ganhasse, não deveria tomar posse e; se empossado fosse, não deveria governar. Durante os cinco anos do mandato de JK duas tentativas de golpe militar foram abortados: a de Aragarças e a de Jacareacanga. Num gesto de magnanimidade, o Presidente anistiou os militares golpistas da Aeronáutica.
Essas oligarquias, mais uma vez usando as Forças Armadas, tentaram impedir a posse de João Goulart depois da renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. Não conseguiram impedir a posse, mas deram um golpe branco impondo o sistema parlamentarista de governo. O ranço contra Jango remonta aos anos de 1950, notadamente quando ele assumiu o Ministério do Trabalho e decretou aumento do salário mínimo de 100%. Mais uma vez usando as Forças Armadas, as oligarquias conseguiram a revogação do aumento do salário mínimo e a exoneração de Jango do Ministério do Trabalho.
Com a vitória do plebiscito que enterrou o parlamentarismo, o golpe militar voltou a ser articulado pelas elites, sob a coordenação do então embaixador norte-americano Lincoln Gordon. Este transformou a sede da embaixada, em Brasília, em quartel-general da conspiração, de onde saiam os milhões de dólares para corromper políticos e profissionais de jornal, rádio e televisão. O golpe acabou acontecendo naquele fatídico 1º de abril de 1964.
Foram 21 anos que infelicitaram a nação brasileira, o mais longo período de trevas vivido pelos brasileiros. O primeiro ato de insanidade dos militares golpistas foi incendiar a sede da gloriosa União Nacional dos Estudantes (UNE) com todo o riquíssimo acervo do Centro Popular de Cultura, o famoso CPC que projetou tantos artistas e intelectuais, entre eles Gianfrancesco Guarnieri. Em seguida vieram a cassação de mandatos dos parlamentares democráticos, mais identificados com a luta do povo e dos trabalhadores brasileiros e com a soberania nacional.
Perseguições, prisões ilegais, torturas as mais cruéis, deportação, exílio e assassinato de milhares de patriotas brasileiros foram cometidos nesse período. A censura à imprensa e às artes – música, teatro, cinema e outras manifestações culturais – foi outra demonstração clara do obscurantismo da ditadura militar.
Ditadura nunca mais!
Messias Pontes é jornalista