Movimento quer restrição para propaganda de cerveja
A bebida é responsável por 70% das mortes violentas conforme laudos cadavéricos. 33 milhões de brasileiros consomem álcool em excesso. 73 das doses em excesso são por consumo de cerveja. Com esses dados, diversas entidades estiveram nesta quarta-f
Publicado 02/04/2008 17:45
O projeto passa a considerar bebida alcoólica, para efeitos legais, toda bebida com teor alcoólico a partir de meio grau Gay-Lussac. Na prática, o projeto iguala as cervejas às bebidas destiladas. Assim, as propagandas de cerveja no rádio e televisão somente serão permitidas das 21 horas às 6 horas.
O ato, organizada pelo Movimento Propaganda Sem Bebida, que tem à frente o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e a Unidade de Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), reúne mais de 300 entidades da sociedade civil, entre entidades médicas, ONGs que trabalham com dependência química e saúde mental, igrejas, universidades, sindicatos, conselhos profissionais, conselhos municipais de políticas públicas de álcool e drogas, serviços de saúde e entidades de defesa do consumidor.
Pela manhã, os manifestantes estiveram com o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), a quem entregaram documento com cerca de 600 mil assinaturas em defesa da proibição da propaganda de cerveja e outras bebidas alcoólicas.
Na Câmara, eles também estiveram com diversos parlamentares, incluindo o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS); o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Rafael Guerra (PSDB-MG) e o presidente da Comissão de Seguridade Social, deputado Jofran Frejat (PR-DF), a quem renovaram os argumentos favoráveis à aprovação do projeto.
Movimento ampliado
À tarde, o Movimento foi recebido pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para apresentar apoio ao projeto. Os manifestantes reafirmaram os argumentos de que “a propaganda de bebidas é um grave problema de saúde pública, responsável pelo uso em excesso e cada vez mais precoce do álcool na população, causa direta de acidentes, violência, doenças e mortes”.
O ministro da Saúde ressaltou a importância da reunião de entidades nacionais de segmentos variados em defesa do projeto de lei. “Esta reunião demonstra como o movimento foi ampliado e adquiriu grande apoio. É uma grande oportunidade de corrigirmos uma distorção no Brasil, que é a publicidade de bebidas. Vamos interferir para evitar o alcoolismo em jovens e crianças”, disse.
Temporão acrescentou que o próximo passo é fazer um trabalho de mobilização com os parlamentares, de convencimento, debates e informação. “Tenho confiança de que o Congresso Nacional atenderá ao clamor da sociedade brasileira. O país baniu a propaganda de cigarros e hoje ninguém sente falta dela”, concluiu.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Henrique Carlos Gonçalves, entregou o manifesto ao ministro e garantiu o empenho das entidades junto ao Congresso Nacional para a aprovação. No entanto, revelou a preocupação com a possibilidade de que os parlamentares não mantenham a urgência constitucional do projeto. “Vamos trabalhar para que o projeto seja votado favoravelmente, pois esse tema é de interesse de toda a sociedade brasileira”, disse ele.
De Brasília
Márcia Xavier