Capacitar médicos é a forma do Ceará ajudar Rio
Ao invés de mandar pediatras para ajudar o Rio de Janeiro no atendimento às crianças com dengue, o Ceará vai oferecer três profissionais com a missão de capacitar médicos cariocas.
Publicado 03/04/2008 20:59 | Editado 04/03/2020 16:36
A oferta da Secretaria da Saúde do Estado é em resposta ao pedido do Rio. Agora a Sesa espera a decisão das autoridades de saúde do Rio em aceitar a forma de colaboração do Ceará. Se positivo, juntos vão definir a data de liberação dos três infectologistas e pediatras.
Para promover o diagnóstico precoce da dengue e assim evitar mortes no Ceará, a Secretaria da Saúde do Estado realizou no ano passado cinco capacitações com médicos, na maioria pediatras. Os resultados aparecem em números. Em 2007 foram confirmados 105 casos de dengue hemorrágica em crianças com menos de 15 anos. A letalidade foi de 2,9%. Ou seja, 3 óbitos. Já tem quatro capacitações organizadas para este semestre. Todas para pediatras.
E para alertar ainda mais os médicos para o diagnóstico precoce, o Secretário
da Saúde do Estado, João Ananias, enviou esta semana para os diretores clínicos de hospitais e equipes do Programa Saúde da Família (PSF) uma nota técnica. Na nota, o Secretário recomenda que todas as viroses sejam tratadas como dengue, evitando que os pacientes voltem pra a casa e tenham diagnóstico tardio (veja nota na íntegra).
O maior desafio no combate à dengue é a educação da população. Para isso, são necessarias campanhas regulares de mobilização social e conscientização, no sentido de eliminar os criadouros do Aedes aegypti.
Para ter os números e a real situação da dengue no Ceará, a Sesa passou a
divulgar o boletim semanal da dengue no site da saúde (www.saude.ce.gov.br).
Nota Técnica
Tratar todas as viroses como se fossem dengue
A Secretaria de Saúde do Estado do Ceará faz um apelo aos Diretores Clínicos
dos Hospitais e às Equipes do PSF para que todas as pessoas com viroses,
particularmente crianças menores de 14 anos, sejam tratadas como se tivessem
com dengue. Isto significa:
1- Hidratar as pessoas com viroses ou suspeitos de dengue na seguinte medida: 60 a 80 ml/kg de peso/dia, sendo 1/3 de soro rehidratante oral e 2/3 de outros líquidos, tais como suco de fruta, água de côco e água tratada.
2- Realizar, em todo caso suspeito de dengue, a prova do laço com tensiômetro, mantendo a pressão entre a máxima e mínima por 3 minutos em crianças e observando, posteriormente, o aparecimento de 10 petéquias ou mais em 2,5cm2.
3- Estar atento para os sinais de alerta de febre hemorrágica do Dengue, que podem ocorrer após a remissão da febre, geralmente do 3º para 4º dia da doença: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hipotensão postural, hipotensão arterial, extremidades frias, pulso rápido e fino, hepatomegalia dolorosa, agitação ou letargia, hemorragias (epistaxe, gengivorragia, petéquias, hematuria, sangramentos gastrointestinais e metrorragia). Nestes casos, o paciente deve ser internado imediatamente para observação e/ou tratamento de urgência.
4- Evitar, neste período chuvoso, o uso de analgésico e antitérmico à base de ácido acetil salicílico.
5- Preencher cartão de acompanhamento ambulatorial nos PSF, orientando a todo paciente com forte suspeita de dengue para retornar no 3º para o 4º dia, ou a qualquer momento que apresentar sinais de alerta.
6- Notificar todo caso suspeito de dengue e solicitar exames para acompanhamento e confirmação.
7- Fazer o acolhimento correto nas Unidades de Saúde, identificando as pessoas com sinais de maior gravidade para antecipar atendimento.
8- Colocar bebedouros em salas de espera de hospitais e outras Unidade de Saúde para que as pessoas possam hidratar-se em quanto esperam atendimento.
9- Priorizar atendimento a pacientes com doenças de base, hematológicas
crônicas, doença renal crônica, gestantes e em crianças valorizar as manifestações alérgicas, asma brônquica e dermatites atópicas.
10- Informações complementares podem ser consultadas na publicação: “DENGUE diagnóstico e manejo clínico”, disponível no Núcleo de Vigilância
epidemiológica da SESA ou no site www.saude.gov.br/svs.
Estas medidas podem constituir-se em diferencial para a Redução da letalidade
em pessoas acometidas por Dengue.
Fonte: Sesa/Ce