FMI revisa projeções e vê crise como a maior desde 1929
Os EUA passam por sua maior crise financeira desde a Grande Depressão de 1929. A economia global deve crescer 3,7% em 2008, e a possibilidade de esse crescimento ser menor do que 3% em 2009 ou mesmo já em 2008 é de 25%, o que levaria o mundo a uma recessã
Publicado 03/04/2008 11:05
As informações são do Fundo Monetário Internacional e constam de documento apresentado a autoridades econômicas do Sudeste Asiático numa reunião fechada realizada nesta quarta-feira (2) na cidade de Da Nang, no Vietnã, segundo as agências de notícias Bloomberg e Dow Jones, que o obtiveram.
Até o final do dia desta quarta-feira, no entanto, autoridades financeiras já tratavam do vazamento como a versão oficial. Em visita à China, o secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, disse que achava que o FMI havia “exagerado” em suas previsões negativas.
Em entrevista publicada pelo diário francês “Le Figaro”, embora sem citar números, o próprio diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, havia afirmado: “As previsões que vamos divulgar em alguns dias não são muito boas. Nós vamos revisar para baixo nossa previsão de janeiro”.
A revelação chega no mesmo dia em que, pela primeira vez desde o início da crise financeira que toma os EUA, o presidente de seu banco central ousa dizer a palavra “recessão” em público. Em resposta a um congressista durante depoimento pela manhã, Ben Bernanke, do Fed, afirmou que, sim, “a recessão é possível”.
“O choque financeiro que teve início com a crise do mercado de hipotecas “subprime” em agosto de 2007 se espalhou rapidamente e de maneira inesperada até impor grandes danos nos mercados e instituições no centro do sistema financeiro”, afirma o texto obtido pelas agências. “A expansão global está perdendo ritmo diante do que virou a maior crise financeira nos EUA desde a Grande Depressão [1929].”
Revisão
No documento, o crescimento da economia global em 2008 é revisado para baixo pela terceira vez desde julho do ano passado, quando o FMI previu uma expansão de 5,2%; com 3,7%, é a pior previsão desde 2002, no auge da última recessão a atingir os EUA. Para o país, a previsão caiu de 1,5% em janeiro para 0,5%, e, para 2009, há imperceptível salto de 0,1 ponto percentual, para 0,6%.
As revisões para baixo são generalizadas. Na zona do euro, vão de 1,6% em janeiro para 1,3%; na Ásia, perdem o Japão, que passa de 1,5% para 1,4%, e a China, com 9,3%, ante os 10% previstos antes. Entre os emergentes, o documento afirma que a diferença entre essas economias e as avançadas deve continuar, com o crescimento das últimas ficando em geral “aquém do esperado”.
Fonte: Folha de S.Paulo