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Toni Garrido deixa o Cidade Negra para seguir carreira solo

No ano passado falou-se muito do assunto, mas agora é para valer. Toni Garrido deixa o Cidade Negra em julho para seguir carreira solo com a Flecha Black – uma superbanda com dez músicos que já vem fazendo shows com Toni desde o ano passado em paralelo

Numa conversa comigo depois de passar o som nos bastidores do Teatro Ginástico, no Rio, onde tocou segunda e terça, Toni me disse que tinha pedido férias do Cidade Negra, mas não houve consenso e ele não viu outra saída a não ser seguir solo. Falou ainda que a bola da sua saída estava cantada há oito anos quando ele disse para a banda que teriam este tempo de contrato para fazer discos e depois ele seguiria seu caminho, fechando a tampa com 14 anos de Cidade Negra.


 


A idéia dele era fazer uma espécie de concurso nacional para escolher um vocalista jovem para assumir o microfone do Cidade e ir em frente para mais 20 anos de carreira da banda em que fez seu nome.


 


Toni me contou que o Flecha Black funciona na base da cooperativa, com o dinheiro dividido em partes iguais para todo mundo. A banda tinha poucos ensaios, tipo um por trimestre, mas a idéia agora é fazer encontros semanais para azeitar ainda mais a máquina. Até porque Toni grava disco solo com inéditas ainda este semestre que pretende lançar com uma campanha de marketing bacana. 


 


Ele sai do reggae para outro pólo da música negra, uma mistura de rock, soul e funk velha escola com pitadas afrocaribenhas ou afroameríndias, como me definiu certa vez Carlinhos Brown. A massa sonora é respeitável, com duas guitarras que pesam em vários momentos por Sérgio Yazbek e Cláudio Costa, o primeiro mais rock, o segundo mais soul.


 


Nos teclados estão Maurício Piassarollo e Carlos Trilha, este último produtor dos discos solo de Renato Russo e colaborador da Legião Urbana na reta final da banda. Marlon Sette, músico de apoio do Cidade, toca trombone e Rodrigo Sha no saxofone, este já com CD lançado e figura fácil no circuito de shows carioca. Na cozinha, Roger Negão no baixo e o trio de tambores Ronald Silva na bateria, Eduardo Lyra, ex-Paralamas do Sucesso, e o ogã Marco Luis nas percussões.


 


Com tudo isso não há quem fique quieto no show. Só senti falta de Tim Maia porque Toni está cercado por uma formação para Vitória Régia nenhuma botar defeito. Mas ele bate cabeça para Sandra Sá com Olhos Coloridos, resgata canções de seu primeiro grupo, a Banda Bel, com Nova York Meu Amor, Nega Maluca e Zanata, todas do único disco lançado pela Bel com o Toni, Rei do Rio em 1992.


 


A geração 80 do Rock Brasil é bastante homenageada por ter influído na sua formação. Ele cita com carinho especial os Paralamas do Sucesso, de quem canta Uma Brasileira e Meu Erro, esta em dois andamentos, o rápido do original e lento, tipo balada. E ainda Soldados (Legião), Núcleo Base (IRA!), A Dois Passos do Paraíso (Blitz).


 


Algumas misturas ficaram bem interessantes. Sérgio Yazbek manda um Purple Haze (Jimi Hendrix) suingado e Toni entra no meio rapeando Zanata. Another brick in the wall (Part 2) entra com Sex machine e Motoboy. Ele incluiu Sabe Você, uma canção do bossanovista Carlos Lyra e a nova Grande Amor, que ele anunciou ter sido gravado há pouco por Fafá de Belém. Não faltou Tema do Solteiro, gravada por ele em 1998 para o filme Como Ser Solteiro e algumas do Cidade despida da roupagem reggae, Girassol, A Estrada e Sombra da Maldade.


 


O show que está ensaiando a carreira solo de Toni Garrido é uma grande festa. Ele está cantando muito bem, é um showman que faz a platéia beber na sua mão e demonstra uma vontade natural de abrir outros caminhos depois de 14 anos de Cidade. Na conversa comigo, ele disse que teve o maior cuidado com o momento da saída, para não prejudicar os demais e declarou seu amor incondicional à formação que o consagrou.