Os movimentos sociais pelo olhar de Tereza Costa Rêgo

Está em cartaz no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC) a exposição “Sete Luas de Sangue”, da artista plástica Tereza Costa Rêgo. A série de seis painéis retrata movimentos sociais que foram abafados por regimes políticos pouco democráticos.

O amarelo-avermelhado e o vermelho intenso são marcas em todos os painéis que compõem a série “Sete Luas de Sangue”. Uma referência ao sol forte e a terra nordestina que servem de paisagem para os quadros da mostra. Neles, Tereza Costa Rêgo recria a luta do povo na busca pela terra e pelo seu espaço.


 


Medindo 2,20×1,60m cada painel, eles retratam situações como a luta dos negros pela liberdade, em “Zumbi dos Palmares”; a luta pela terra, em “O ovo da Serpente” ou “Problema da Terra”; a destruição daquilo que é puro, em “A Gênese” ou “Massacre dos Índios”; as revoltas populares, em “Canudos” e “Batalha dos Guararapes”; e, ainda, uma reunião dos lideres de estado da época em que cada levante social aconteceu, em “Pátria Nua” ou “Ceia Larga Brasileira”.


 


O convite para que as pinturas de Tereza Costa Rêgo ocupassem a Sala Especial do MAC partiu do conselho curador do museu. A proposta é confrontar a arte contemporânea produzida por artistas pernambucanos com outras peças que fazem parte do acervo da instituição. “Outros fatores que pesaram bastante na decisão do conselho é que Tereza Costa Rêgo é uma das maiores artistas plásticas de Pernambuco e uma referência para Olinda e Recife. Além do cunho histórico e político da série”, disse a diretora do MAC, Célia Labanca.


 


Esta mesma exposição já esteve em cartaz, há cerca de quatro anos, no Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães (Mamam) e o trabalho de preparação da nova exposição começou com a busca pelos quadros. “Eles estavam espalhados por outros museus, como o próprio Mamam, e locais como o Arquivo Público, mas as pessoas entenderam a nossa proposta e contribuíram emprestando os quadros”, comentou Célia.


 


A sensibilidade de Tereza Costa Rêgo também está presente na disposição dos objetos pela Sala Especial. Foi dela, por exemplo, a idéia de colocar um tapete e cadeiras diante do quadro “Pátria Nua”. Desse modo, o visitante sente como se fizesse parte daquela reunião.


 


Inaugurada no dia 12 de março, a abertura de “Sete Luas de Sangue” contou com a presença de mais de 600 pessoas. A exposição continua em cartaz até o mês de junho, quando cede espaço para outra mostra intitulada “João Câmara – obras de colecionador” e, um outubro, a Sala Especial do MAC abre as portas para “Os caminhos do santo”, de Ana Veloso.


 


O MUSEU – o MAC existe há 40 anos e possui um acervo com quatro mil obras, divididas em 11 coleções. O espaço, que é um complexo cultural, além da sede, vem passando por uma revitalização e contará com outros ambientes como a Casa da Administração, a Casa de Reserva Técnica, uma praça com anfiteatro e jardins internos. O museu é o segundo na América Latina em qualidade de acervo e o único no Cone Sul a possuir uma obra de Adolf Gottlieb, que é considerado o pai da arte contemporânea.


 


Após um período de 11 meses fechado para reformas, o MAC reabriu a sua sede com a mostra “Nós somos o MAC – todos nós”. Logo em seguida, no dia 12 de março, engatilhou com a exposição de Tereza Costa Rêgo e, até o final do ano, segue com uma pauta repleta de atividades.


 


Já no dia 15 de maio, entra em cartaz, na Casa da Administração, uma exposição sobre a arte do inconsciente. Nesta mesma data, começam as inscrições para os cursos de desenho e pintura, e as oficinas de restauro e conservação de obras raras. A inscrição para os cursos e oficinas custa R$ 50.


 


No dia 22 do mesmo mês, acontece o 1º Encontro Literário Poesia Luar, a partir das 19h. O evento será promovido pelo MAC e a Academia de Letras e Artes do Nordeste (Alane) e a entrada é gratuita.


 


O MAC funciona de domingo à domingo, sempre das 9h às 17. Com exceção das segundas-feiras, quando está aberto à visitação somente no período da tarde. A entrada custa R$ 10 inteira e R$ 5 meia-entrada. Colégios particulares pagam R$ 2 e escolas públicas entram de graça.


 


Serviço:
MAC – Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco
Rua 13 de Maio, nº 157
Varadouro – Olinda
Fone: 3429.2587


 


Do Recife,
Daniel Vilarouca