Ato ''Por uma São Paulo Melhor'' une oito partidos na capital

O lançamento da carta compromisso ''Por uma São Paulo Melhor'' levou centenas de militantes e lideranças de oito partidos políticos ao salão nobre da Câmara Municipal da cidade, na tarde desta segunda feira. Assinaram o documento, lido pela presidente est

A tônica do ato foi a união de forças políticas entorno de uma plataforma que enfrente os reais problemas da cidade e seja capaz de por fim à polarização entre dois blocos políticos nas próximas eleições. ''Este cabo-de-guerra empobreceu o debate político e transformou as eleições em simples escolhas de nomes, onde, o que menos importa, é o debete sobre o futuro do nosso município''.


 


Interrompido várias vezes por aplausos e palavras de ordem, o deputado federal Aldo Rebelo, pré-candidato a prefeito pelo PCdoB, enfatizou importância de São Paulo para o estado e para o país. ''Se é verdade que Brasília é a capital administrativa e política, porque lá estão a sede do poder executivo, do poder legislativo e do poder judiciário, não é menos verdade que São Paulo é a capital econômica, a capital financeira e comercial do Brasil. Os visionários que fundaram São Paulo, talvez não imaginassem que estavam fundando a maior metrópole do Hemisfério Sul, o maior centro industrial, comercial e cultural da América Latina'', disse.


 


Aldo também condenou a desigualdade social da cidade, que possibilita padrões de consumo elevadíssimos para alguns, mas marginalizada tantos da obtenção do mínimo para uma vida digna. ''São Paulo tem uma frota de helicópteros que transporta uma parcela ínfima de sua população e tem um transporte público no nível da indigência e da incompatibilidade com um nível de conforto e da necessidade de seus habitantes'', exemplificou.


 


''Baldeação'' para outros cargos


 


Outra crítica dos partidos que aderiram à carta foi aos governantes que disputam a prefeitura da capital ambicionando outros cargos políticos. O vereador do PRB, Atílio Francisco, defendendo que o próximo prefeito saia da composição dessas forças políticas, alertou: ''São Paulo não precisa apenas de um bom administrador, precisa principalmente de tudo aquilo que a população vem doando para que a cada ano essa seja uma cidade melhor. São Paulo merece todo o carinho e toda a dedicação dos homens que vão governá-la nos próximos quatro anos''.


 


Nas palavras do deputado comunista, a cidade ''tem sido abandonada por governantes que, muitas vezes chegam à prefeitura da capital já pensando no próximo passo, no próximo cargo no governo do estado ou na presidência da República, como se São Paulo fosse uma estação ferroviária de baldeação e de passagem''. Aldo afirmou que para resolver os problemas da metrópole é ''preciso acreditar no povo de São Paulo, mobilizar as energias políticas, intelectuais, materiais e espirituais, para que, sendo uma cidade mais justa e mais humana, possa ser melhor para seus moradores e para todo o Brasil''.


 


Bloco de Esquerda é a alternativa


 


Eliseu Gabriel, vereador e presidente do PSB no município, defendeu o fim da polarização do quadro eleitoral entre o que chamou de ''projetos idênticos'' e apontou a candidatura do Bloco de Esquerda como a melhor para enfrentar os desafios apresentados. ''O Bloco é uma alternativa para um projeto de poder para a cidade de São Paulo, em que o poder público interfira, sim, onde for necessário, inclusive na economia, para promover a igualdade'', disse.


 


O vereador defendeu que a prefeitura e o governo federal façam parcerias para melhorar o transporte público, deixando na cidade parte dos 13% da arrecadação que São Paulo paga à União em juros da dívida. ''Tenho certeza de que, quem for o nosso candidato – o Aldo está aqui na mesa, pode ser, vai ser nosso candidato -, com certeza terá a capacidade e o discernimento para fazer isso''.


 


''O surpreendente é sempre mais gostoso''


 


O presidente estadual do PDT, João Gaspar, fez referências à trajetória daqueles partidos nas lutas populares. ''Os partidos que representam a periferia da cidade, os sindicatos, estão nessa mesa. Essa sala tem a síntese do Brasil. Basta tirar uma fotografia, basta ver a cor da pele das pessoas, basta ver a postura das pessoas. Essa aqui é a síntese do Brasil'', assertou.


 


Nelita Rocha, presidente do PHS, falou que “São Paulo é uma cidade que acolhe a todos com muito carinho” e que está feliz por aquela união de forças pela “vontade de fazer política com P maiúsculo” em prol da capital.


 


Para Márcio França, deputado federal e presidente do PSB no estado, a união das legendas, que já aconteceu nas eleições para a presidência da Câmara Federal e se aprofundou na luta contra a cláusula de barreira, tem tudo para prosperar e trazer grande impacto na política nacional.


 


''O Bloco de Esquerda, ampliado com a presença importante de outros partidos, pode representar uma mudança grave na eleição, não só em São Paulo, mas em todo o Brasil. Temos muita esperança nisso. Quando acontecer, a vitória será muito melhor porque vai ser surpreendente. E tudo aquilo que é surpreendente é sempre mais gostoso'', falou o socialista.


 


De São Paulo,
Fernando Borgonovi