CASE Porto Alegre 2: Retratos do descaso governamental

Criado para servir de modelo para o sistema sócio-educativo, o Centro de Atendimento Sócio-Educativo POA 2 hoje mais parece um depósito de pessoas. Idealizada para abrigar 72 jovens em medidas de internação e possibilidades de atividade externa, a casa

A saúde tem os profissionais da área com nível superior tercerizados.  Um único veículo atende a todas as saídas necessárias. A unidade destinada a adolescentes em observação, anteriormente chamada de isolamento, também está superlotada. As duas únicas oficinas de atividades foram propostas e são dirigidas por monitores, por iniciativa destes. DVD's apresentados para os adolescentes são locados e pagos pelos trabalhadores.


 


Faltam medicamentos básicos. Faltam funcionários, faltam recursos, falta estrutura. À atual “linha dura” da Fundação falta também entendimento da situação, interesse, dedicação, compreensão e humanidade.Na última chuva, verteu água por paredes, pelas escadas, pelo sistema elétrico. As fotos que apresentamos foram feitas em corredores e dormitórios. Baldes, panos e bacias foram utilizados para tentar conter um pouco da enxurrada.


 


Sabemos que o crescimento da violência está diretamente ligada à miserabilidade da população. De nada adiantam políticas reprressivas, se não houverem políticas públicas capazes de absorver esta imensa parcela de juventude excluída. Criados ao sabor dos apelos de consumo, da divinização do individualismo, sem acessdo aos bens preconizados como indispensáveis para a felicidade, muitas vezes antorpecidos pelo consumo de drogas pesadas, crianças e adolescentes encontram na criminalidade uma saída fácil para saciar suas necessidades.


 


O sistema sócio-educativo deveria ressocializar e capacitar o jovem infrator para o convívio social sadio. Mas com o atual descaso e sucateamento do RS, com as péssimas condições físicas e de oferta de capacitação, as casas de ressocialização acabam transformando-se em cadeias juvenis, longe de seu projeto inicial. Certo que este descaso tem objetivos ocultos: sucatear para demonstrar a impossibilidade, e depois entregar à iniciativa privada.


 


E o que diz a presidência da FASE?
Não sabemos, mas gostaríamos de saber.


 



Regina Abrahão
Diretora SEMAPI RS