Messias Pontes: Um pequeno resgate da história

Dois fatos ocorridos na semana que passou contribuíram para o resgate de um pequeno resgate da história recente do Brasil. O primeiro foi a presença da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff , na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, e o segundo a

Na histórica sessão da Comissão de Infra-Estrutura do Senado, um filhote da ditadura militar, senador José Agripino Maia, do DEMO potiguar, reavivou as mazelas da ditadura militar (1964-1985) que infelicitou a nação brasileira. Involuntariamente, ele lançou a candidatura de Dilma Rousseff, do PT, à presidência da República, que já conta com o apoio até de quem não nutria nenhuma simpatia pela ministra.



Ao afirmar que Dilma Rousseff estaria mentindo como fez durante os interrogatórios pelos seus algozes nos porões da ditadura militar, a ministra, num momento de rara felicidade, reavivou a memória dos brasileiros e desmascarou o senador, que fez toda sua carreira política sob os auspícios dos generais golpistas.



A ministra enfatizou que mentiu para os seus torturadores e disso se orgulhava, pois o fez para salvar a sua vida e a dos seus companheiros. Emocionada, ela disse que “é impossível a verdade ou o diálogo com o pau-de-arara, choques elétricos e espancamentos. Eu tinha entre 19 e 21 anos, fiquei três anos na cadeia e fui barbaramente torturada. Me orgulho de ter mentido porque salvei meus companheiros da tortura e da morte”. Enfatizou ainda que “certamente, nós estávamos em momentos diversos das nossas vidas políticas, senador”.



Na sua desastrada intervenção, José Agripino Maia demonstrou toda a sua pequenez e insignificância como senador e como cidadão. Ficou muito claro que ele jamais teria sido prefeito (biônico), governador e senador num regime democrático. 



Certamente os democratas do simpático estado do Rio Grande do Norte trarão à baila, quando da próxima disputa eleitoral em que ele se colocar como candidato, toda a verdade sobre a sua atuação política. O seu apoio à tortura – crime contra a humanidade, portanto inafiançável e imprescritível – será lembrado, como lembrado também será o seu envolvimento com a improbidade administrativa como prefeito e governador. 



Como empresário, Agripino Maia deve milhões ao Banco do Nordeste e não tem intenção de pagar. Num regime democrático a verdade tem vez, o que não acontece sob uma ditadura, como bem lembrou Dilma Rousseff. E a verdade sobre toda a trajetória política desse representante das forças do atraso será revelada a todos os seus conterrâneos. Com a sua pequenez, ele cavou a própria sepultura política.



Não é sem razão que tucanos e demos demonstraram preocupação com o desastre, ao mesmo tempo em que os governistas comemoraram a atuação da ministra. Não precisa ser pitonisa para prever que na próxima pesquisa de opinião pública, seja de que instituto for, Dilma Rousseff aparecerá muito melhor posicionada.



Já em Fortaleza, no último sábado, o lançamento do vídeo-documentário do professor Felipe Barroso, com 120 minutos de duração sobre a resistência à ditadura militar no Ceará, resgatou outra parte da história do nosso povo. Lideranças políticas, estudantis e sindicais já demonstraram o desejo de levá-lo para os seus respectivos municípios. O documentário voltará a ser exibido este mês durante a programação do ECOS DE 68, promovido pela Universidade Federal do Ceará, Associação dos Docentes da UFC (ADUFC) e Associação 64/68 Anistia Ceará. 



Viva a democracia! Ditadura nunca mais!