Cangaço é tema de mostra de cinema

A outra mostra itinerante do Cine Ceará, “Nordeste, Cangaço e Cinema”, reúne clássicos sobre a temática do Cangaço, um dos gêneros mais representativos da cinematografia brasileira, com 48 obras catalogadas.

O curador da mostra, Marcelo Dídimo, colocou na programação 21 filmes do século passado, das décadas de 50 a 90; além de duas produções recentes: o longa “Lampião, sonhos de bandido” (Bélgica, 2007), de Damien Chemin e Nicodème de Renesse; e o curta “O Velho Guerreiro não Morrerá” (2008), de Paulo Duarte, um documentário sobre o filme “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, que também está sendo exibido.


 


A programação conta com três filmes de Carlos Coimbra, “A Morte Comanda o Cangaço” (1960), “Lampião, o Rei do Cangaço” (1962) e “Corisco, o Diabo Louro”. O premiado “Deus e o Diabo na Terra do sol” (1964), de Glauber Rocha, é outro destaque. Entre os filmes ainda estão “Riacho de Sangue” (1966), de Fernando de Barros; “Faustão” (1971), de Eduardo Coutinho; “Jesuíno Brilhante, o Cangaceiro” (1972), de William Cobbett; “Corisco e Dadá” (1996), de Rosemberg Cariry; e “Baile Perfumado” (1997), de Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Outro atração é “O Cangaceiro Trapalhão” (1983), com os “trapalhões” Renato Aragão, Antônio Carlos Gomes (Mussum) e Mauro Gonçalves (Zacarias), sob a direção de Daniel Filho.


 


Erotismo


 


Dois representantes da pornochanchanda, dentro da temática do Cangaço, fazem parte da mostra itinerante: “As Cangaceiras Eróticas” (1974), de Roberto mauro; e “Kung-fu contra as bonecas” (1976), de Adriano Stuart. “O Cangaço é um gênero tipicamente brasileiro, mas, para se criar, precisou dialogar com outros gêneros, como drama, ação, western, comédia, documentário e até a pornochanchada”, explica Dídimo, que, em sua pesquisa de doutorado, teve acesso a 30 dos 48 filmes sobre a temática.


 


Segundo ele, muitas produções do gênero foram baseadas em clássicos da literatura mundial e em fatos históricos. “Muitas vezes este gênero nordestino ganha o cinema com uma história importada, como em ‘A Vingança dos 12’, filme que se baseia na história do imperador Carlos Magno e dos Doze Pares da França”. Dídimo também cita como exemplo a comédia “Os três cangaceiros” (1961), de Victor Lima, com Ronald Golias, Grande Otelo e Anquito, como uma paródia de “Os três Mosqueteiros”. “São histórias adaptadas para a realidade do cangaço, do Nordeste, que dão continuidade a uma temática bem brasileira”.


 


 


Fonte: Diário do Nordeste