OMS defende proibição total de propagandas de cigarro
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta sexta-feira (30) que os governos proíbam qualquer tipo de propaganda, inclusive indireta, do cigarro, um produto que, segundo a organização, mata metade de seus consumidores.
Publicado 31/05/2008 11:08
O pedido acontece por ocasião do Dia Mundial sem Tabaco, comemorado todo 31 de maio, e que este ano tem como foco a juventude, assim como a denúncia das campanhas multimilionárias das empresas de cigarro para atrair este setor da população através de técnicas de mercado.
O objetivo é proteger 1,8 bilhão de jovens no mundo, os mais vulneráveis a essas táticas que, em palavras de um especialista da OMS, se assemelham a “um vírus mutante”, pois quando desaparece em um lugar se reproduz em outro.
“As medidas pela metade não servem para nada. Quando se proíbe uma forma de publicidade, a indústria do tabaco redireciona seus recursos em direção a outras formas”, denunciou em entrevista coletiva o doutor Douglas Bettcher, responsável da Iniciativa Sem Tabaco da OMS.
“É como um vírus mutante, sempre encontra outras formas de chegar”, insistiu o especialista, defendendo que os Governos “imponham uma proibição total para fazer a estratégia de comercialização do tabaco fracassar”.
Segundo a OMS, que cita estudos recentes, quanto mais expostos os jovens estiverem à publicidade do tabaco, mais provável é que comecem a fumar. Mas, desse total, apenas 5% da população mundial vive em lugares onde a publicidade é proibida.
Falso glamour
Bettcher ressaltou que a indústria do tabaco tenta atrair os jovens associando falsamente o consumo destes com qualidades com o glamour, a energia e a atração sexual.
Por isso, quando não é possível a publicidade direta do tabaco, a indústria usa métodos indiretos como dar os nomes de suas marcas, assim como seus logotipos, a outro tipo de produtos, desde bolsas até chinelos esportivos, passando por roupas, declarou a especialista brasileira Vera Luiza da Costa e Silva consultora da área de saúde.
“Segundo um estudo realizado em 150 países, 56% dos estudantes entre 13 e 15 anos estão expostos à promoção de produtos com logos e nomes de marcas de cigarros”, afirmou. “Dois em cada dez estudantes possuem algum objeto com uma logo relacionada ao tabaco”, ressaltou.
Bettcher destacou que, como a maioria das pessoas no mundo começa a fumar antes dos 18 anos, e deles, quase uma quarta parte antes dos 10, a indústria do tabaco opta por lançar sua publicidade nos meios acessíveis aos jovens.
“Cinema, internet, shows e eventos esportivos são alguns dos lugares escolhidos para fazer chegar a mensagem aos jovens”, explicou, com o agravante de que “eles são os que se viciam mais facilmente e que têm mais dificuldades para se livrar do vício”.
Alvo certo
As empresas de tabaco voltam suas campanhas especialmente para os países em desenvolvimento, pois é ali onde vivem 80% dos jovens, afirmou Bettcher lembrando, além disso, que as empresas procuram incluir substâncias nocivas, como o amoníaco, nos cigarros para torná-los mais viciantes.
“Para poder sobreviver, a indústria do tabaco precisa substituir aqueles que morrem ou que abandonam por novos consumidores”, comentou a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em comunicado pelo Dia Sem Tabaco.
“A proibição de toda a publicidade do tabaco e de sua promoção e patrocínio é uma ferramenta poderosa que podemos usar para proteger a juventude”, acrescentou.
A OMS calcula que se não forem tomadas medidas, no fim deste século terão morrido 500 milhões de pessoas por causa do consumo do tabaco.
Fonte: Efe