PCC queria implantar estatuto em Sergipe

“Viemos aqui para implantar o estatuto do PCC, a nossa ideologia de trabalho. Eles [os marginais de Sergipe] vão aprender a trabalhar e começar a ganhar dinheiro”. Esse é o trecho de uma das conversas captadas através de escutas telefônicas feitas pela Di

Nesta quinta-feira (29), eles foram encaminhados ao Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto, em São Cristóvão. A única mulher do bando, Andréia Cristina Martins, amante de Wellington Brandão de Aragão, foi levada para o Presídio Feminino. Eles, de acordo com a polícia, são perigosos e vieram para Aracaju a fim de realizar tráfico de crack e cocaína para financiar a organização criminosa.


 


Os presos são: os irmãos Luiz Eduardo e Luiz Roberto Marcondes Machado de Barros (que usava documentos falsos com o nome de Roberto Esteves dos Reis), Wellington Brandão de Aragão, Andréia Cristina Martins, Bruno Diego do Amaral e o corretor de imóveis sergipano Alécio Luiz Cavalcanti. Este último não era integrante do PCC, mas encarregado, de acordo com a polícia, de dar apoio logístico ao bando, passando detalhes das vítimas e alugando os imóveis onde a quadrilha se instalava. O corretor foi transferido para uma delegacia da capital, não divulgada pelo diretor do Cope, Marcelo Cardoso.


 


No momento da prisão, os cinco estavam morando em duas casas no condomínio Viva a Vida, na rodovia José Sarney. Ao lado do imóvel do bando, morava um promotor de Justiça de Sergipe, que ontem pela manhã assustou-se ao saber que tinha como vizinhos integrantes do PCC paulista.


 


Armas e dinheiro


 


Junto com os cinco, a polícia apreendeu dois revólveres calibre 38, uma pistola 9 mm, três carros, documentos, máquinas fotográficas, relógios, munição e uma máscara. Estava também com eles cerca de R$ 1,5 mil e vários aparelhos de telefone celular.


 


A prisão dos cinco do PCC e do corretor de imóveis aconteceu depois que os policiais do Dipol, Comando de Operações Policiais Especiais (Cope) e Comando de Operações Especiais da Polícia Militar (COE) frustraram um assalto que o grupo pretendia fazer a um empresário. No momento da prisão, eles estavam realizando levantamentos defronte à agência da Caixa Econômica Federal, na avenida Francisco Porto, zona sul de Aracaju.


 


O grupo


 


As investigações em torno do grupo começaram há três meses, através de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Os delegados de Itabaiana e da 2ª Delegacia Metropolitana de Aracaju iniciaram os procedimentos e em seguida pediram ajuda ao Cope. Durante as escutas, um dos integrantes do PCC falava com outra pessoa que pretendia implantar em Aracaju uma filial da facção.


 


Resgate


 


Luiz Eduardo Marcondes Machado de Barros foi resgatado no dia 21 de novembro do ano passado, por volta das 19h30, por seis a oito comparsas na altura do quilômetro 244 da rodovia Padre Manuel da Nóbrega, em Cubatão, Estado de São Paulo. Ele, que está sendo considerado o líder do PCC em Aracaju, retornava para o Centro de Detenção Provisória (CDP de São Vicente), após audiências judiciais no Fórum de Guarujá. Os elementos estavam em quatro veículos: um Eco Sport vermelho, um Fox prata, um Polo preto e um Gol cinza. Além Luiz Eduardo, fugiram Henrique Santana Rocha, Walmir Ferreira Torres e Ricardo Ferreira Santos.


 


Durante a ação, dois policiais militares e um detento morreram. O policial Nilson Oliveira, que realizava a escolta, não resistiu aos ferimentos e morreu. O policial do Grupo de Operações Especiais (GOE), Cícero Roberto de Oliveira, de 39 anos, estava na equipe acionada para o caso e ao chegar ao local e ver Oliveira, que era seu amigo, morto, enfartou. Ele já tinha problemas no coração e teve cinco paradas cardíacas antes de morrer. Nas horas seguintes, as buscas continuaram e à meia-noite a polícia localizou o fugitivo Ivanildo Pereira da Silva escondido em um matagal na favela da Vila Esperança, em Cubatão. Houve troca de tiros e ele morreu.


 


Segundo o diretor do Centro de Operações Especiais da Polícia Civil, ele está em Aracaju desde janeiro. Luiz Eduardo, que é condenado a 15 anos de prisão por diversos crimes, pretendia implantar em Aracaju um braço do PCC. Wellington e Luiz Roberto também são foragidos da Justiça paulista e a polícia sergipana aguarda o mandado de prisão para encaminhar os três de volta a São Paulo.


Fonte: Jornal da Cidade