Líder do PCP elogia esforços de Lula e soberania brasileira

“Está a haver um esforço sincero do governo para concretizar objetivos nos planos social e econômico, criar uma outra repartição da riqueza, promover melhoria dos salários, aumento do emprego efetivo, combate à fome. Mas é evidente que neste processo há contradições”, disse Jerônimo de Sousa à agência portuguesa Lusa, num balanço da visita que efetua ao país até sexta-feira (13).

Elogios à integração continental

Segundo o principal dirigente do PCP, o grande desafio do Brasil é ultrapassar essas contradições e colocar a economia “ao serviço dos trabalhadores, do povo e do país”, não permitindo que a riqueza continue a concentrar-se nas mãos de poucos.
Jerônimo de Sousa elogiou ainda o papel do Brasil na América Latina, designadamente na procura da paz, evolução democrática e desenvolvimento econômico, “sem qualquer pretensão hegemónica”.

Destacou igualmente a importância da afirmação da soberania brasileira, lamentando que em Portugal não se verifique o mesmo. “Somos quase um aluno bem comportado em relação aos ditames da União Européia”, afirmou, acrescentando que há hoje em Portugal uma situação de grande dependência externa.

“Atualmente, Portugal não tem segurança alimentar. Produzimos apenas 20 por cento do trigo que consumimos e estamos a importar até mesmo peixes, porque não temos uma política do mar”, referiu.

Jerônimo de Sousa defendeu uma mudança de rumo da UE, com prevalência da “soberania e cooperação entre povos e países iguais” e uma outra política econômica e social como condição fundamental para Portugal fazer frente aos problemas e dificuldades que enfrenta. “Temos hoje um triste emblema: somos hoje o país mais desigual da Europa e as políticas nacionais também são responsáveis por isso”, declarou.

Agenda pesada

Em Brasília, o secretário-geral do PCP cumpriu uma agenda pesada na terça-feira, com encontros com o vice-presidente brasileiro, José Alencar, com o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, e com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, além de dirigentes do PDT, PSB e PCB.

A visita de cinco dias ao Brasil, que começou em São Paulo, foi um convite do Partido Comunista do Brasil e representou, segundo Jerônimo de Sousa, um “passo adiante” nas relações com o PCdoB, cujo presidente Renato Rabelo visitará Portugal de 14 a 18 de Julho.

Jerônimo de Sousa foi recebido também pelos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente, Garibaldi Alves e Arlindo Chinaglia. Na quinta-feira, no Rio de Janeiro, visitou o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer e participou numa palestra na Assembleia Legislativa.

Com informações da Lusa/SOL