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Lula cobra mais ação do PT para aprovar reforma política

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta segunda-feira (16), durante reunião com intelectuais em São Paulo, mais ação do PT para dar encaminhamento à aprovação da reforma política na Câmara. Lula foi cobrado para a realização da reforma

 


 


Segundo intelectuais que participaram do encontro, Lula teria dito que esperava uma posição ''mais agressiva'' de líderes do partido para ''encabeçar'' a votação da proposta. Além de contestar a posição do PT, o presidente também teria dito que esperava uma ''pressão maior'' da sociedade civil cobrando uma resposta dos parlamentares.



A proposta de reforma política está parada na Câmara dos Deputados por falta de consenso entre os parlamentares. Entre os pontos polêmicos estão o financiamento público de campanhas eleitorais e o sistema de lista fechada pré-ordenada pelos partidos com o nome dos candidatos.



Lula se reuniu no escritório da Presidência da República em São Paulo com 37 intelectuais que apresentaram uma pauta de discussão com 14 itens.


 


Estiveram na reunião, entre outros intelectuais, Dalmo Dallari, Candido Mendes, Fernando Morais, Luis Fernando Veríssimo, Leonardo Boff, Moacir Scliar, Maria Victoria Benevides, Emir Sader e Juarez Guimarães. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro da Educação, Fernando Haddad, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, e o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vanucchi, também participaram do encontro.


 


Benevides, Sader e Guimarães disseram que a reunião foi marcada por um diálogo aberto, no qual os intelectuais puderam ouvir do presidente uma espécie de balanço do seu governo e questioná-lo sobre questões consideradas relevantes pelos participantes. Segundo eles, Lula falou sobre política interna e externa, economia, ecologia, movimentos sociais, questões fundiárias e indigenistas.



Segundo os intelectuais, não surgiu nenhuma proposta objetiva durante o encontro nem foi apresentada nenhuma reivindicação concreta. Apenas ficou decidido que Lula se dispôs a abrir espaço na agenda dele para novos encontros. A reunião desta segunda-feira foi a terceira desde o início do governo Lula. A primeira foi em 2003 e a segunda em 2006.



Defesa de Dilma



Segundo os participantes, a ministra Dilma Rousseff  aproveitou a reunião para fazer sua defesa das acusações sobre a venda da VarigLog.



Em depoimento no Senado, a ex-diretora da Anac (Agência Nacional) Denise Abreu acusou Dilma de ter pressionado a agência a aprovar a venda da VarigLog para um fundo norte-americano.



De acordo com Emir Sader, a ministra afirmou que o tema da venda da Varig ''floresceu no governo anterior'' e foi acompanhado desde então pelo Judiciário. No relato de Sader, Lula disse que Dilma tem sido vítima de denúncias porque é vista como a ministra mais presidenciável e ''a cara do governo que mais dá certo.''



Dilma também manifestou preocupação com as agências reguladoras ''extremamente problemáticas.''  A ministra disse que as agências não podem ser absorvidas pelos interesses do setor público porque devem ser independentes, mas nem por isso devem atender aos interesses privados. Também foi discutia na reunião a criação de um fundo para a educação com royalties das novas reservas de petróleo.



Para os intelectuais, a defesa de Dilma foi um sinal de que o governo está disposto a tratar com transparência até as questões delicadas, como a venda da VargiLog.



Segundo os intelectuais, o presidente disse que o depoimento de Abreu foi um ''desperdício de tempo'' dos senadores mais preocupados em criar um escândalo.



Cobranças



Além da reforma política, na reunião o presidente foi cobrado sobre política externa e proteção aos índios. Apreensão é a palavra mais adequada'', disse a cientista política Maria Victoria Benevides.  ''A gente sente que há uma escuta. Há diálogo'', afirmou. O cientista político Emir Sader relatou o encontro como uma conversa informal com o presidente.



Segundo os participantes do encontro, o jurista Dalmo Dallari revelou sua preocupação com relação à proteção dos índios.  Lula fez questão de responder pessoalmente as perguntas. Disse que o governo já realizou e tem reuniões programadas com o conselho indigenista para tratar do assunto e toma providências concretas em relação à reserva Raposa/Serra do Sol, onde há conflito entre comunidades indígenas e arrozeiros.



O sociólogo Candido Mendes relatou que Lula disse que não tem intenção de disputar um terceiro mandato, mas revelou preocupação com a continuidade das políticas de seu governo. ''Ele não vai ser senador e não vai se desincompatibilizar'', afirmou. Ainda de acordo com Candido Mendes, Lula afirmou que ao deixar o governo, em vez de ir para (a Universidade) Harvard, pretende voltar a morar em São Bernardo do Campo, no ABC, e viajar por todo o país.



Os intelectuais expuseram ao presidente a preocupação com os métodos adotados para o combate à inflação. De acordo com Maria Victoria Benevides, Lula garantiu que não adotará medidas precipitadas para conter o aumento do custo de vida.



Candido Mendes afirmou que durante sua explanação sobre a política externa, o presidente afirmou que pretende manter o diálogo com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez e do Paraguai, Fernando Lugo. Lula também quer desenvolver um protagonismo internacional, intensificando a relação entre Brasil e os demais integrantes do Bric (Rússia, Índia e China).



Da redação,
com agências