Luz, câmera e AÇÃO!

Equipe do programa da Rede Globo, comandado pelo apresentador Serginho Groinsman, esteve em Nova Olinda para gravar um especial sobre a Casa Grande. Confira a entrevista com Marcos Gudolle, produtor e editor do Ação.

Entre os dias oito e 11 de julho, a Fundação Casa Grande recebeu a equipe do programa Ação, da Rede Globo. Eles gravaram o dia a dia da Fundação, seus laboratórios e meninos. No final do mês o presidente da Casa Grande, Alemberg Quindins, irá até São Paulo, gravar uma entrevista com Serginho Groisman, e assim finalizar o programa, que deverá ser exibido em agosto.



Aproveitando a passagem da equipe por Nova Olinda, os repórteres Jenfte Alencar e Valesca Cordeiro conversaram com Marcos Gudolle, produtor e editor do Ação. Na entrevista, ele fala um pouco sobre os bastidores do trabalho na televisão, de quem produz o programa que irá ao ar, e também sobre a profissão de jornalista.


 


Qual seu nome, idade e profissão?
Marcos Gudolle, 27 anos, formado em jornalismo, mas trabalho como produtor e editor do programa Ação.



Há quantos anos exerce a profissão de produtor do programa Ação? 
Estou completando oito anos de trabalho em televisão. Como jornalista formado faz apenas quatro anos, mas já trabalhava antes em televisão. No programa Ação já estou há dois anos.


 


Qual foi o procedimento para chegar a ser produtor do programa Ação?
Eu fui convidado pela diretora do programa, primeiro para fazer uma experiência de um mês. Fui, fiz essa experiência e depois me chamaram para mais duas experiências também de um mês, chamado de freelancer, que é um trabalho em que você não é contratado, não é funcionário, só está prestando um serviço. Fiz isso durante três meses e depois fui contratado.


 


O que é um trabalho de um produtor?
O produtor, no nosso caso, é um produtor de pauta e produtor de reportagem. O produtor de pauta tem que pesquisar quais projetos são legais, e a gente, produtor de reportagem, tem que mostrar porquê. Pesquisamos na internet, recebemos muitas sugestões por e-mail dos telespectadores. Lemos essas sugestões, vemos o que podemos fazer, porque trabalhamos em todo o Brasil, então temos que fazer uma seleção dessas sugestões, procurando a partir do que foi selecionado. Apuramos, ligando para o projeto, conversando com o coordenador, vendo o que está acontecendo por lá, o que poderíamos mostrar. Isso tudo é a produção de pauta. Então, produzimos a pauta. Levantamos as questões: quem são as pessoas que vamos entrevistar? Quais são as atividades que vamos mostrar? Esses são os elementos que vão estruturar nossa matéria. Isso é a produção de pauta. A produção de reportagem é a partir do momento que vamos até o local. Por exemplo: aqui na Fundação Casa Grande estou exercendo produção de reportagem, entrevistando as pessoas, orientando a equipe, o cinegrafista e o assistente, o que a gente precisa gravar de imagens que depois serão usadas. O produtor, nesse caso, faz desde a pauta, desde a idéia do que vai ser gravado, até a captação das imagens.


 


Quanto tempo vocês ficam nas instituições para fazer uma reportagem?
Depende muito da instituição. Já fizemos até em um dia, passamos o dia inteiro gravando. Depende do tamanho da instituição, de quais as atividades que vamos mostrar. Aqui já estamos há quatro dias gravando, porque é muita coisa, são muitas matérias que vão compor um programa inteiro, então é um trabalho que exige mais tempo.


 


Qual o objetivo da filmagem?
Mostrar: o que é a Fundação Casa Grande? Por que foi criada? Que publico atende? Que atividades oferece para os alunos? O que essa experiência está fazendo de diferente na vida dessas pessoas, na vida da família delas? O objetivo é esse, mostrar que mesmo em uma cidade pequena no sertão do Ceará existe um projeto que está transformando a vida de muitas pessoas.


 


O que está achando da Casa Grande?
Olha tem um elemento que é muito diferente. Quase tudo que tem aqui eu já vi em outros lugares, mas não tudo junto. Eu já fui em projeto que era de rádio, que era de TV, já fiz matéria de quadrinhos, só que aqui, além de ter tudo junto, o grande diferencial que eu percebi é a questão da gestão feita pelos próprios alunos, crianças e adolescentes. É uma maneira que o projeto encontrou de formar os cidadãos mesmo, responsáveis, desde cedo terem a noção de compromisso, de responsabilidade, de gerenciamento e de organização. Acho que essas experiências, independentemente do setor que o aluno está responsável, vão dar uma formação básica para ele ser um ótimo profissional no que ele escolher, porque ele vai ter uma noção de como organizar as coisas, de como resolver os problemas do dia-a-dia. Acho que o grande diferencial do projeto é porque toda a gestão é feita pelos próprios alunos.


 


Que dica daria para quem quer seguir a carreira de jornalista?
Tem que gostar de falar muito, de conversar com as pessoas, de ser curioso, tem que querer entender por que as coisas são desse jeito e não só querer satisfazer a sua própria curiosidade, mas querer partilhar isso com as outras pessoas. Ou seja, divulgar o que você sabe. Dica? Eu acho que seria uma coisa que vocês fazem aqui, que é ler muito, estar sempre antenado com o que está acontecendo no mundo, no Brasil, na sua cidade. Temos que estar sabendo o que está acontecendo e ser muito observadores. Acho que, principalmente, uma dica é ser muito observador, porque qualquer pessoa tem uma história bacana para contar, você tem que enxergar essa história e para isso você tem que ter o maximo de conhecimento possível, isso vem através da cultura, da leitura, da informação, do cinema. Enfim, de todas as fonte de sabedoria e conhecimento.


 


Fale de sua profissão…
Gosto muito. No nosso caso do Ação a gente trabalha basicamente nos projetos sociais. Então, o que acontece? A gente vê muitos bons exemplos, vê diferentes jornalismos do dia-a-dia, sem violência, criminalidade. Vemos problemas também, só que vemos principalmente as soluções que os projetos sociais trazem para as pessoas. Por exemplo, se aqui não tivesse a Fundação Casa Grande o que será que todos vocês estariam fazendo? Provavelmente estariam em casa ou na rua. Não todos, mas alguns certamente sim. Os projetos sociais são ótimos objetos de trabalho para os jornalistas, porque você está mostrando para os leitores, que no caso são os telespectadores, o que fazer para melhorar. Você está dando uma dose de esperança para as pessoas, porque elas estão cansadas de ver só problemas. Então a gente mostra soluções e isso é estimulante, você conhecer projetos, conhecer pessoas que tiveram suas vidas transformadas por esses projetos. Você vê isso e daí tem o prazer de contar para as outras pessoas.



 
Como está sendo a convivência com a gente durante esses dias?
Está sendo ótima. A gente foi muito bem recebido, estamos conhecendo ainda cada setor. Em cada laboratório a gente está sendo recebido pelo responsável. Todo mundo está sabendo explicar muito bem o que faz, o que seu laboratório oferece. A gente está vendo que é um trabalho bem sério, que as pessoas são bem envolvidas e a interação está sendo ótima.


 


Qual o principal foco do programa?
São os projetos sociais independente da área deles. Por exemplo: a gente mostra projetos de esporte, projetos de educação, de arte, de meio ambiente, de geração de renda. Assim, os projetos encontram caminhos diferentes para chegarem ao mesmo lugar, que é a melhora da qualidade de vida dessas pessoas, da elevação na auto-estima, para se sentirem mais preparados para enfrentar a vida tanto no trabalho, como na parte pessoal. O foco são os projetos sociais que não estão ligados ao governo. O terceiro setor é formado por ONGs, associações sem fins lucrativos e fundações que também tenham esse tipo de trabalho. O governo também tem projetos sociais, mas os projetos sociais que focamos bastante são os projetos não governamentais. A gente não está mostrando iniciativas de prefeituras, de governos do estado ou da presidência da republica, a gente mostra iniciativas de pessoas voluntárias, que estão querendo fazer alguma coisa para melhorar o país.


 


Que mensagem você deixaria pra gente?
Eu queria falar que eu estou muito encantado com o projeto. Para quem vive em uma outra realidade, como São Paulo, a maior cidade do Brasil, com toda aquela correria e chegar ao sertão do Ceará em uma cidade pequena como Nova Olinda e ver um projeto desses é muito surpreendente. Ver a estrutura de cada laboratório, a organização e principalmente o envolvimento de vocês todos. É uma chance que vocês estão tendo de ter contato com o mundo, porque não estão isolados, estão conectados com o mundo de todas as maneiras possíveis, e eu acho que isso é sensacional. Dá a chance de conhecerem tudo o que está acontecendo por aí e de escolherem o que vocês querem. Podem querer continuar aqui com esse projeto e transmitir para outras crianças que estão chegando, ou vocês podem querer viajar, morar em outro lugar. Mas terão uma bagagem tão boa quanto de quem mora lá, porque estão tendo contato com a tecnologia, com os programas, com a informação que existe lá e que também existe aqui. Fiquei bastante encantado com o projeto pela organização e principalmente pelo envolvimento de todos os alunos.