Ceará vira referência em implantes

Quarenta cirurgiões cardiovasculares foram capacitados em janeiro. Este mês, uma nova turma é treinada.

A Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes funcionou ontem como sala de aula. É que o Centro de Pesquisas Experimentais do Hospital recebeu cirurgiões cardíacos de vários locais: da Escola Paulista de Medicina, Santa Casa de Misericórdia de Curitiba e Pró-Cardíaco, do Rio de Janeiro. Eles participaram de uma capacitação sobre implante de “coração artificial”, no qual o Ceará virou referência no assunto.


 


Os procedimentos práticos, aplicados após a teoria repassada durante toda a sexta-feira, foram realizados no sábado, em dois suínos. Os profissionais acompanhavam atentos as explicações pelos mais experientes. A residente na área de cirurgia cardíaca, Daniele de Fátima Fornazari, de Curitiba, estava bastante entusiasmada com o curso.


 


Segundo ela, é muito grande a lista de pacientes que estão à espera de um coração e boa parte deles vem a falecer por falta de alternativas, a exemplo de um órgão artificial. “Nosso objetivo é seguir o mesmo caminho que está sendo realizado no Ceará”, justifica.


 


De acordo com o coordenador cirúrgico da equipe, Juan Mejia, em janeiro passado foi realizado um treinamento no qual foram capacitados 40 cirurgiões cardiovasculares de todo o País. A partir daí, outras equipes médicas tomaram conhecimento do curso e solicitaram um novo treinamento.


 


O Hospital de Messejana, inclusive, pretende oferecer capacitação periodicamente, já que recebeu solicitação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular para ser Centro de Treinamento em procedimentos relacionados ao transplante cardíaco e implante de coração artificial.


 


Há tempos, a equipe vinha realizando estudos neste sentido, mas somente em março do ano passado o Programa Coração Artificial do Hospital de Messejana foi lançado pelo governador do Ceará, Cid Gomes. Em maio último, ocorreu o primeiro implante de coração artificial do Nordeste. “Precisamos de mais apoio de recursos financeiros para que possamos dar continuidade ao trabalho”, alerta Mejia.


 


O suporte circulatório mecânico propicia mais tempo de vida para as pessoas que estão na fila por um transplante de coração com prioridade máxima. Foi o que aconteceu com João Edílson Maia, de 47 anos, que recebeu o primeiro “coração artificial” e dias depois conseguiu o transplante de coração definitivo.


 


Mejia lembra que apesar da importância desse projeto, é necessário que as doações de órgãos continuem, inclusive com a realização de mais campanhas, destacando que a carência por órgãos no Brasil é grande. “Hoje, por exemplo, se não recebermos nenhum coração de doação, teremos que fazer mais um implante artificial em um paciente ”, explica o médico Juan Mejia.


 


O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes é uma unidade terciária especializada no diagnóstico e tratamento de doenças cardíacas e pulmonares. Dispõe dos procedimentos de alta complexidade nestas áreas e destaca-se no transplante cardíaco de adultos e crianças.


 


A instituição é gerenciada pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e atende pacientes de 184 municípios do Ceará e das regiões Norte e Nordeste.


 


 


Fonte: Diário do Nordeste