Nélson Augusto aponta os 10 melhores discos de todos os tempos
Álbuns nacionais e internacionais são clássicos por conta do excelente repertório
Publicado 01/09/2008 19:20 | Editado 04/03/2020 16:36
Trabalho como produtor e apresentador de programas musicais na Rádio Universitária FM de Fortaleza ( www.radiouniversitariafm.com.br ) desde 1981 quando a nossa emissora foi inaugurada. Também sou editor de conteúdo do site cultural ( www.nelsons.com.br ) Ouvi muitos discos de vinil, tanto da época de sua colocação no mercado, quanto dos relançamentos dos álbuns anteriores, inclusive agora no atual formato do CD.
Durante esse tempo, escutei canções e discos clássicos serem esquecidos e alguns desses registros retornarem em tributos, os quais em sua grande maioria não nos emocionam tanto quanto os originais.
O mais recente que ouvi foi o álbum “Onde Brilhem os Olhos Meus” onde a vocalista do grupo Pato Fu, Fernanda Takai, resgata a obra cantada pela Nara Leão. Na releitura, apesar do repertório brindar fases distintas da Musa da Bossa Nova, os arranjos atuais omitem muitas vezes as harmonias compostas primeiramente, descaracterizando a atmosfera sutil das melodias originais.
Creio ser um pouco difícil eleger os melhores discos 10 discos nesses últimos 50 anos da música. No entanto, escolhi os álbuns que, na minha opinião, se tornaram clássicos durante minha vida, inclusive profissional.
Avalio que, para um disco se tornar clássico, é necessário ser uma matriz do seu estilo musical e permanecer atual até os dias de hoje. Além disso, na minha visão, tem de agradar do começo ao fim. Assim, os discos eleitos por mim, consigo ouvir desde a primeira música até a última, inclusive só por puro diletantismo, sem o compromisso profissional.
Discos
Abbey Road – The Beatles
Antológico álbum dos Fab Four de 1969 no qual, depois da fase psicodélica, os então rapazes de Liverpool incluíram composições da mais alta criatividade de melodia, letra e harmonia. Lembro que adquiri o então elepê no início da década de 70 em Recife, com as economias da mesada em parceria financeira com o meu primo. Clássicos do quilate de “Come Together” e “Something” além do meddley final com “Golden Slumbers”/Carry That Weight”/The End” arrepiam até hoje.
Acabou Chorare – Novos Baianos
Os então cabeludos e desajeitados “ripongas”, mas essencialmente musicais que eletrificaram o samba e o choro, depois do encontro com o Papa da Bossa Nova, João Gilberto, lançaram essa pérola da MPB em 1972. No disco, as deliciosas “Preta Pretinha”, “A Menina Dança”, “Mistério do Planeta”, além da faixa-tíltulo, todas de Moraes Moreira e Galvão, também “Besta é Tu”, da dupla com Pepeu Gomes. Tem também o vibrante resgate do “Brasil Pandeiro” do conterrâneo Assis Valente.
O Azul e o Encarnado – Ednardo
Verdadeiro caldeirão sonoro de ritmos do cantor, compositor e instrumentista, o qual conta com o auxílio luxuoso de, entre outros, músicos do nível de Robertinho de Recife (guitarra, viola portuguesa e cítara), o mineiro Túlio Mourão ( piano e teclados ) e o conterrâneo Manassés na viola de 10 cordas no frevo “Maresia”. Tem também outros cearenses que colaboram com o álbum: Fausto Nilo nos desenhos e artes gráficas e Fagner nos vocalizes da criativa “Pastora do Tempo”.
Alucinação – Belchior
Após de ser brindado pelas gravações de suas músicas “Como Nossos Pais” e “Velha Roupa Colorida” por Elis Regina, o cantor, compositor e músico lançou o seu lendário disco, o qual, além das duas já citadas também trazia a faixa-título, e os petardos sonoros “Fotografia 3 X 4”, “Como o Diabo Gosta”, “Não Leve Flores” e “Apenas um Rapaz Latino Americano”. Todas de autoria do cearense, as quais questionam os valores de sua época, escrevem definitivamente seu nome na MPB.
Raimundo Fagner – Fagner
O terceiro álbum individual do cantor, compositor e músico depois da estréia com o “Manera-Fru-Fru, Manera”, e o “Ave Noturna”, demonstra seu amadurecimento como autor com parceiros em “Asa Partida”, “Calma Violência”, “Corda de Aço”, “Natureza Noturna”, “Pavor dos Paraísos” e “Sangue e Pudins”. Nelas, também já revela também um intérprete que viria conquistar seu definitivo espaço na música brasileira resgatando também a reflexiva “Sinal Fechado” de Paulinho da Viola.
Na Quadrada das Águas Perdidas – Elomar
Álbum duplo do arquiteto, criador de bodes e principalmente cantor, compositor e violonista Elomar Figueira Mello, além de criações isoladas de sua obra, inclui também temas de “O Auto da Catingueira” e “O Tropeiro Gonsalin”. Todas as 20 músicas e letras de sua autoria destacam a linguagem sub-dialetal de sua região em Vitória da Conquista na Bahia, com inclinação da tradição árabe e ibérica, em sublimes interpretações para, entre outras, “Campo Branco” e “Curvas do Rio”.
The Dark Side of The Moon – Pink Floyd
Após quarto álbuns pouco performáticos, surge a lendária criação da banda inglesa, a qual até hoje é sucesso de público e crítica. Tanto que, já virou livro do jornalista John Harris, em português “Os Bastidores da Obra-Prima do Pink Floyd” e filme em DVD, onde seus próprios integrantes contam e tocam a história do álbum no qual a atmosfera de rock progressivo envolvente de início ao fim, traz mensagens para as submissões humanas, as quais são detonadas em “Time” e “Money”, entre outras.
Machine Head – Deep Purple
Trazendo a formação mais celebrada pelos admiradores da banda de hard rock inglesa, a qual conta com Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Roger Glover, John Lord e Ian Paice, o disco também tornou-se um sucesso de vendas e o mais conhecido do grupo. Com sensacionais riffs de guitarras, potentes levadas de bateria com o rascante vocal, desfilam as pesadas “Never Before”, “Highway Star”, “Space Truckin’” e a auto-biográfica “Smoke on The Water”, mais popular do seleto repertório.
All Things Must Pass – George Harrison
Após a dissolução definitiva dos Beatles, anunciada no primeiro semestre de 1970 o guitarrista dos Fab Four lançou um luxuoso álbum triplo, registro raro na época, com canções que podiam ter feito parte dos discos do grupo. Tendo uma pequena ajuda dos amigos músicos, entre eles, Eric Clapton e Ringo Starr, o sofisticado álbum é recheado de jóias como “Beware of Darkness”, “Isn’t a Pitty”, “Wah-Wah”, “What is Life” e “My Sweet Lord”. Em 2001 foi relançado em CD com faixas bônus.
Wild Life – Paul McCartney
Lançado originalmente em 1971 pelo baixista, cantor e compositor inglês e sua banda pós-Beatles, o Wings, a qual também contava com sua mulher Linda o álbum tempera a atmosfera do pop e do rock em vigor na época. Com interpretações vibrantes para suas criações, McCartney nos brinda com pérolas bluseiras como a faixa-título e “Dear Friend”, “Some People Never Know”, “Mumbo” e “Tomorrow”, esta última sucesso maior no Brasil e que mereceu inclusive versão nacional pelo The Fevers.
Fonte: www.nelsons.com.br