Em SP, RJ, GO e PR, protestos dos metalúrgicos tomam as ruas
Milhares de metalúrgicos realizaram na manhã desta quinta-feira (4) manifestações por melhores salários e condições de trabalho em diferentes pontos do país. São Paulo, Rio de Janeiro, Catalão (GO) e Curitiba (PR) foram algumas das capitais onde ocorreram
Publicado 04/09/2008 20:41
Segundo informações da Polícia Militar, outros dois grupos de metalúrgicos também realizaram manifestações na capital paulista. Um deles, com 800 pessoas, ficou concentrado na Avenida Presidente Costa e Silva, em Santo André, e outro formado por 500 pessoas, estava na Avenida Fagundes de Oliveira, em Diadema.
Na Região Metropolitana de Campinas, ao menos 600 trabalhadores da Dell, empresa da área de informática localizada em Hortolândia, e 350 funcionários da Fundituba, em Indaiatuba, paralisaram suas atividades nesta quinta por 24 horas. O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região estima que ao menos 17 mil trabalhadores já tenham participado de em paralisações diárias nas duas últimas semanas na região de Campinas.
Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 18,83%, piso salarial de R$ 1.450,00, gatilho para corrigir as perdas futuras com a inflação, redução da jornada sem redução dos salários, adicional noturno, plano de cargos e salários, e cláusulas específicas para os diretos das mulheres. A pauta de reivindicações foi entregue aos empresários no dia 11 de julho, mas, segundo informou o presidente do sindicato, Jair dos Santos, não houve uma proposta aceitável até o momento.
Além de voltar a negociar com o Sinfavea, Sindmaq e Sinaees, os representantes dos trabalhadores têm reuniões marcadas para sexta-feira com membros dos sindicatos Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e da Indústria de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos (Sicetel).
Goiás
Metalúrgicos demitidos da Mitsubishi Motores do Brasil, em Catalão, no interior de Goiás, protestam diante da fábrica e pedem a reintegração aos seus empregos. Com faixas pretas, palavras de ordem e dormindo em tendas de plástico, o protesto foi liderado por Danilo Nunes, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Catalão (Simecat), um dos que perderam o emprego.
Como protesto, Danilo Nunes acorrentou as mãos para trás. E disse que ficará assim até que a empresa se manifeste: “As demissões acontecem exatamente a um mês das negociações para aumento de salários e melhorias de condições de trabalho”, disse.
Em Catalão, no quilômetro 283 da BR-050, a montadora japonesa produz, desde o ano passado, cerca de 100 veículos/dia. Entre eles estão os modelos de camionete L200 Triton, L200 Outdoor, e os jeeps Pajero TR4 e Pajero Sport. A fábrica foi instalada em 1998. Sobre as demissões, a Mitsubishi Motors do Brasil nada informou.
Curitiba
Os cerca de 2,6 mil metalúrgicos da montadora Volvo, instalada na Cidade Industrial de Curitiba, aceitaram a proposta da empresa, que se comprometeu a dar reajuste salarial de 10,1% já a partir de setembro e abono de R$ 1,5 mil.
O primeiro pedido do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba era de reajuste de 12,6%. Os trabalhadores tinham parado o serviço na segunda-feira, dia 1º, mas retornaram no dia seguinte diante da promessa da empresa de abrir um canal de diálogo. Pela manhã, os trabalhadores da Volkswagen-Audi e Renault-Nissan rejeitaram o mesmo índice a ser aplicado a partir de dezembro e continuam a greve.
Rio
A mobilização que começou em Niterói, por volta das 8h da manhã em frente ao estaleiro Mauá, na Ponta D`Areia, teve como objetivo pressionar a Petrobras a assinar o contrato da plataforma P-62. Os mais de três mil trabalhadores partiram para o Rio em duas barcas e chegaram à sede da Petrobras por volta das 10h30 da manhã, onde receberam o apoio dos metalúrgicos Rio, Angra dos Reis e da CUT-RJ (Central Única dos Trabalahdores), além do senador Crivella e do deputado federal Edimilson Valentin (PCdoB).
“Se a Petrobras não assinar o contrato com o estaleiro Mauá e as obras da P-62 não forem para Niterói, significará o desemprego de mais 3 mil metalúrgicos, uma crise social na categoria metalúrgica fluminense, além do descumprimento do compromisso com o índice de conteúdo nacional mínimo de 75% estabelecido pelo presidente Lula para a indústria naval brasileira” ressaltou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, Reginaldo da Costa e Silva.
O estado do Rio de janeiro é responsável por 80% da produção de petróleo do país e tem sido sistematicamente prejudicado por decisões da diretoria da Petrobras. Desde 2002 já foram afretadas e construídas na Ásia 12 plataformas de produção com apenas 2% de conteúdo nacional. “Os metalúrgicos de Niterói vão lutar para garantir seus empregos. Sem obras, o estaleiro Mauá, o mais antigo do Brasil corre risco de fechar as portas” lembrou Reginaldo.
Após a manifestação, assessores da presidência da Petrobras ser reuniram com representantes das entidades presentes na passeata. Segundo os assessores, a Petrobras vai dar prioridade para uma resolução do contrato da plataformaP-62. Foi marcada uma reunião para a próxima semana com o diretor de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, que até então defende o afretamento da plataforma.
O movimento é organizado pelo Fórum Nacional Intersindical dos Trabalhadores da Indústria Naval e Offshore, que reúne diversos sindicatos da área.