Fidel Castro: assediados pelos furacões

O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, afirmou no último domingo (7) que toda a nação agora está no que na guerra se chama alarme de combate. Em um artigo intitulado “Assediados pelos furacões”, especial para a publicação digital Cubadebate

“Atuar com absoluta honestidade, sem demagogia nem concessão alguma à moleza e o oportunismo. Os militantes revolucionários têm que ser exemplo. Devem dar e receber confiança. Entregar tudo pelo povo, até a vida se fosse necessário”, destaca.



“Não havíamos nos recuperado ainda do impacto emocional e dos danos materiais ocasionados pelo furacão Gustav na Isla de la Juventud e Pinar del Río, com ventos de força inusitada, quando começavam a chegar notícias das invasões do Hanna pelo mar, e a pior de todas: que o furacão de grande intensidade Ike, girando para o sudeste devido à pressão de um forte anticiclone ao norte de sua trajetória, entraria com mais de mil quilômetros ao longo do território nacional”, assinala.



O Vermelho reproduz abaixo a íntegra do texto, a partir do original na Prensa Latina:


 



Reflexões do companheiro Fidel: Assediados pelos furacões



Especial para Cubadebate



Não havíamos nos recuperado ainda do impacto emocional e dos danos materiais ocasionados pelo furacão Gustav na Isla de la Juventud e Pinar del Río, com ventos de força inusitada, quando começavam a chegar notícias das invasões do Hanna pelo mar, e a pior de todas: que o furacão de grande intensidade Ike, girando para o sudeste devido à pressão de um forte anticiclone ao norte de sua trajetória, entraria com mais de mil quilômetros ao longo do território nacional.



Isto significa finalmente que todo o país será afetado pelos três furacões, e em alguns pontos, duas vezes.



Onde ficará um cacho de banana, uma fruta ou os vegetais de uma horta intensiva? E um cultivo de feijões e outros grãos? Uma plantação de arroz ou cana? Um centro de produção avícola, porcina ou leiteira? Toda a nação agora está no que na guerra se chama alarme de combate.



Os problemas propostos na reflexão que chamava ao Gustav inesperadamente de nuclear se multiplicaram. Os princípios que devem guiar nossa conduta continuam sendo os mesmos, só que requerem esforços incomparavelmente maiores.



A Defesa Civil não perdeu um minuto. Os que possuem responsabilidades no Partido e no Governo se movimentaram em todos os lugares. Os quadros devem exigir disciplina, conter emoções e exercer autoridade. A televisão, a rádio e a imprensa escrita assumem uma grande responsabilidade no exercício de suas tarefas informativas.



O mundo observou com admiração a conduta de nosso povo frente aos açoites do Gustav. Enquanto os inimigos esfregavam cinicamente as mãos, os amigos, como se tem evidenciado, são muitos e estão decididos a cooperar com o nosso povo. As sementes da solidariedade semeadas durante longos anos frutificam por todos os lugares. Aviões russos e de outros países chegaram rápido de milhares de quilômetros de distância com produtos que se medem não por seu volume ou seu preço, senão por seu significado.



Doações de pequenos Estados como o Timor Leste, mensagens de países importantes e amistosos como a Rússia, Vietnã, China e outros, expressaram a disposição de cooperar tudo o possível nos programas de investimento que devemos acometer de imediato para restabelecer a produção e desenvolvê-la.



A irmã República Bolivariana da Venezuela, e seu presidente Hugo Chávez, adotaram medidas que constituem o mais generoso gesto de solidariedade que conheceu nossa pátria.



Penso que por mais duros que sejam os golpes recebidos e que ainda receberemos, nosso país está em condições de salvar vidas de cubanos, e as famílias receberão ajuda material e alimentar o tempo que for necessário até que se recupere no mais breve prazo possível a capacidade de produzir alimentos. Essa ajuda não pode ser igual em todos os municípios, porque não em todos são iguais os danos nem igual o tempo em que cada um requer para se recuperar.



Estamos assediados neste instante pelos furacões. Mais que nunca se impõe a racionalidade e a luta contra o desperdício, o parasitismo e o acomodamento. Atuar com absoluta honestidade, sem demagogia nem concessão alguma à moleza e o oportunismo. Os militantes revolucionários têm que ser exemplo. Devem dar e receber confiança. Entregar tudo pelo povo, até a vida se fosse necessário.



Fidel Castro Ruz



Havana, 7 de setembro de 2008, 17h29