Fim da CPMF prejudicou programa Saúde na Escola, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (8), durante o programa de rádio Café com o Presidente, que o programa Saúde na Escola foi prejudicado pela não-prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Finan

Segundo ele, a iniciativa –lançada na última quinta-feira (4)– deveria ter entrado em vigor em março deste ano. “Não pudemos colocar em prática porque não foi aprovada a CPMF. Agora, estamos fazendo com alguns meses de atraso aquilo que poderíamos ter feito há meses. Precisamos, primeiro, alocar dinheiro para poder fazer esse programa, mas, de qualquer forma, vamos fazer agora o que tinha que ser feito”, disse.



Lula explicou que a idéia é começar por municípios que já contam com equipes médicas que atendem em casa as famílias e levar os profissionais também às escolas. Localidades que registraram os piores índices de aproveitamento dos alunos na escola, de acordo com ele, serão as primeiras. A meta do governo é atender 26 milhões de crianças e jovens do ensino fundamental e do ensino médio até o fim do programa.



Leia abaixo a íntegra do programa desta segunda-feira:



Olá, você em todo o Brasil. Eu sou o Luciano Seixas e estamos começando o Programa Café com o Presidente. Olá, presidente, como vai. Tudo bem?
Tudo bem, Luciano.




Presidente, na quinta-feira passada, o senhor anunciou o Programa Saúde na Escola. Como é que vai funcionar esse programa?
Luciano, esse programa era para ter entrado em vigor em março. Nós não podemos colocar em prática porque não foi aprovada a CPMF, e nós, agora, estamos fazendo com alguns meses de atraso aquilo que poderíamos ter feito já há seis meses atrás. Precisamos, primeiro, alocar dinheiro para poder fazer esse programa, mas, de qualquer forma, nós vamos agora fazer o que tinha que ter feito. Qual é a idéia fundamental. A idéia é você utilizar as cidades aonde existem médicos de família daquelas equipes que visitam as casas, e também começarem a visitar as escolas. Para quê? Para a gente perceber se, em função da idade, a criança está no seu tamanho normal, se ela está menor, se a criança está subnutrida, se a criança está obesa, se a criança tem problema de audição, se a criança tem problema de visão, se a criança tem problema na garganta. Ou seja, se ela tiver problema, nós vamos duas vezes por ano visitar as escolas. Detectando isso, nós vamos encaminhar essas crianças para o tratamento adequado. As crianças hoje, às vezes, não aprendem. Você pensa que a criança não é inteligente. Às vezes, as crianças não estão enxergando direito. Às vezes, as crianças não estão ouvindo direito, às vezes as crianças estão com um problema qualquer de saúde, que nós temos que detectar na escola. Na escola de Pernambuco que nós fomos lançar o programa, três por cento das crianças têm problema de pressão. É quase que inadmissível que crianças tenham problema de pressão, mas têm. Então, nós temos que cuidar agora. Estamos começando pelas cidades em que as crianças tiveram índice mais baixo de aproveitamento na escola. Alguma coisa está acontecendo nessa escola. Então, nós vamos começar a tratar da saúde. Os municípios serão certamente os municípios que têm problema de pobreza. Não são os municípios mais ricos, e nós queremos chegar no final do programa, Luciano, atendendo 26 milhões de crianças do ensino fundamental e do ensino médio.



Esse programa tem tempo para durar, presidente?
Não, esse programa é pra sempre agora. Ou seja, ele vai levar um tempo para que ele seja implantado. Nós assinamos a portaria regulamentando. Agora, neste ano, nós vamos chegar a seiscentas escolas e, depois, nós vamos, então, ter todos os equipamentos para que a gente possa, então, começar a espalhar esse programa pelo Brasil. E nós vamos fazer uma coisa mais importante do que apenas tratar das crianças, olhar as crianças. Nós vamos educar as crianças. Nós vamos fazer alguns ensinamentos para que as crianças consigam se precaver de doenças transmissíveis. Eu estou convencido que nós estaremos dando um passo extraordinário para cuidar melhor da criança brasileira na escola. Às vezes, e já teve caso, que uma criança não conseguia aprender e aí descobriu-se o quê? Que essa criança, porque ingeriu pouca vitamina A, essa criança tinha problema de visão. Ela não conseguia enxergar corretamente. E se nós detectarmos que uma criança tem problema de visão, até o óculos nós vamos dar para a criança.



Presidente, também na semana passada, houve um ato, uma reunião do senhor com reitores de todas as universidades federais, onde houve a liberação de concurso público para a contratação de professores e pessoal de apoio para estas universidades, o que deve aumentar a disponibilidade de vagas para novos alunos.
Olha, no fundo, no fundo, esse é um programa que também é um motivo de orgulho para mim, porque quando eu cheguei na presidência da República, nós tínhamos 113 mil vagas abertas por ano para novos jovens entrarem na universidade. A partir do ano que vem, nós teremos 227 mil novas vagas para os estudantes entrarem na universidade. Ou seja, praticamente nós dobramos o número de jovens que vão entrar na universidade. E isso é extremamente importante porque os editais já estão prontos no Ministério da Educação, já foram publicados no Diário Oficial. Agora, vai ter o vestibular, e, se Deus quiser, para o ano que vem, nós vamos atingir essa marca que é motivo de orgulho, de 227 mil jovens entrando na universidade. E eu penso que para 2010 vai entrar muito mais, porque as universidades novas estarão funcionando, e nós teremos muito mais vagas, porque a Universidade Aberta estará funcionando em muito mais municípios. E isso é o que vai fazer com que o Brasil se transforme numa nação definitivamente rica e independente. Ou seja, eu trabalho com o sonho de que o Brasil vai atingir o ápice da sua competência internacional, da sua competitividade, o dia que a gente tiver com matéria-prima para exportar a nossa inteligência, o nosso conhecimento, transformado em pesquisa, transformado em produto sofisticado, produtos manufaturados, que é o sonho deste país. E eu espero que a gente possa cumprir. Por isso, é que eu tenho dito sempre que uma parte do dinheiro que nós arrecadarmos com o Pré-sal será destinado à educação, porque ela é que vai tornar a nossa energia definitiva. Quando eu digo energia definitiva, é transformar o petróleo em sabedoria, em conhecimento. E aí, ela será inesgotável.



Muito obrigado, presidente Lula. Até a semana que vem.
Até a semana que vem, Luciano.



Fonte: Presidência da República