Rússia e Europa retomam plano de paz para o Cáucaso
O presidente russo, Dmitri Medvédev, analisou nesta segunda-feira (8) em Moscou com seu par francês, Nicolás Sarkozy, e dirigentes da União Européia (UE) o cumprimento do plano de paz para o acordo do conflito georgiano-osseta.
Publicado 08/09/2008 17:29
Medvédev e Sarkozy — presidente temporário da União Européia — subscreveram em 12 de agosto passado uma proposta de seis pontos com relação ao conflito no sul do Cáucaso, depois da agressão da Geórgia contra a Ossétia do Sul.
Os presidentes examinaram os passos que serão requeridos em seguida, para conseguir um acordo do conflito, revelou o assessor presidencial, Serguei Prikhodko.
O centro das consultas, disse, gira em torno do cumprimento por parte de Moscou do chamado plano Medvédev-Sarkozy que contempla, entre algumas exigências de Bruxelas, a retirada das tropas russas para as posições antes da escalada armada georgiana, de 8 de agosto.
Acompanham Sarkozy em sua segunda viagem, desde que explodiu o conflito, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso e o representante de política exterior da União, Javier Solana.
A contraparte européia quer a aprovação do Kremlin da proposta de deslocar uma missão de observadores civis, em substituição do contingente de pacificadores russos.
O chanceler Serguei Lavrov opinou que a presença de observadores europeus na zona de segurança limítrofe com Abcásia e Ossétia do Sul é assunto que compete a Sukhumi e Tskhinvalí.
Ao deixar claro a posição dessas repúblicas rebeldes, o presidente abcáse, Serguei Bagapsh, reiterou este fim de semana em Moscou que preferia a permanência dos pacificadores russos em seu território.
Com a retirada desse contingente, localizado na zona de segurança desde 1994, ''aumentarão as provocações de Tblissi'', advertiu Bagapsh, ao se referir também ao perigo de uma nova guerra.
O premiê russo, Vladimir Putin, afirmou ontem em declarações ao canal Rússia de televisão que a atuação de seu país como resultado da agressão georgiana foi ''legítima e correta'', em alusão às críticas do Ocidente.
Medvédev sugeriu a Sarkozy que este analise o futuro acordo do conflito georgiano-osseta a partir das novas realidades que impuseram os acontecimentos de agosto passado.
Medvédev disse durante o encontro com Sarkozy que Moscou tinha deslocado ingentes esforços como parte do plano de paz, assinado com Paris, em 12 de agosto, no meio de tensões e pressões do Ocidente.
Considerou que existem novos enfoques pelos quais se deve avançar para cumprimentar o que se conhece como Plano Medvédev-Sarkozy, segundo adiantou o canal Viestí, sobre a reunião de alto nível no formato Rússia-União Européia (UE).
Entre as novas realidades originadas pela agressão da Geórgia contra a Ossétia do Sul, o governante russo recordou o reconhecimento de Moscou à independência das repúblicas rebeldes (Abcásia e Ossétia), separadas desde 1992 com duas guerras civis de profundidade.
Sarkozy indicou que como a Rússia, a UE tinha seus próprios princípios e percepções que deviam ser discutidas também.
“Não duvido que, se cada um se comporta como deve, conseguiremos uma solução”, opinou o mandatário francês, que viajou a Moscou pela segunda vez desde a explosão do conflito no Cáucaso na qualidade de presidente rotativo da UE.