Massacre de Porvenir: paramilitares emboscaram camponeses

Uma ponte situada a 7 km de Porvenir [e a 30 km da fronteira com o Brasil], por onde passava um milhar de camponeses em marcha rumo a Cobija, num protesto contra a violência deflagrada pelo governador de Pando, Leopoldo Fernández: foi este o cenário do ma

Roberto Tito, um dos trabalhadores rurais que estavam na ponte quando começou a fuzilaria contra os camponeses, testemunhou: ees marchavam desarmados quando escutaram os disparos e as pessoas começaram a cair, feridas de morte.



O testemunho de Tito



Franco-atiradores, alojados nas copas das árvores, dispararam sobre a multidão sem se importar com o fato de que ali havia crianças, mulheres e velhos. Entre os camponeses, as únicas armas eram paus e facões.



“Estávamos desarmados, não foi como eles dizem. Nos detiveram uns sete quilômetros antes de Porvenir. Quando avançamos na altura da ponte, logo nos atacaram. Nos emboscaram e começaram a disparar com metralhadoras automáticas”, relatou Tito, sob o impacto da morte de pelo menos dez de seus companheiros – até esta sexta-feira (12) existe um número indeterminado de desaparecidos.



“Os companheiros tiveram de escapar para todos os lados. Não perdoavam nem crianças nem mulheres. Foi um massacre de camponeses, é uma coisa que não podemos permitir”, disse o trabalhador rural.



A denúncia da ministra



Em setembro de 2006, a então ministra de Governo, Alicia Muñoz, denunciou que o governador Leopoldo Fernández treinava em Cobija [cidade na fronteira com o Brasil] pelo menos uma centena de paramilitares, sob a fachada de criar uma “força de segurança cidadã”.



Fernández negou a veracidade desta denúncia, mas a ministra tinha fotos e vídeos comprovatórias. E o chefe de Segurança Cidadã do governo de Pando, Alberto Murakami, admitiu o treinamento de civis.



Murakami alegou na época que se tratava de uma centena de “moradores”, treinados para desempenhar funções de vigilância, devido ao “aumento da delinqüência” e à “carência de policiais”.



Alicia Muñoz apresentou a denúncia como prova de que os governadores oposicionistas não agiam dentro da lei, ao contrário do que alegavam. Exatamente dois anos depois, o massacre de pessoas indefesas lamentavelmente deu razão à ministra. Dois anos mais tarde esses integrantes da “sregurança cidadã” desempenharam o papel para o qual foram treinados: distararam a sangue frio contra gente inocente.



Com informações da ABN (Agencia Boliviana de Noticias)