Absolvido, Zuma pode ser o próximo presidente sul-africano

O dirigente do CNA (Congresso Nacional Africano), Jacob Zuma, venceu na Justiça da África do Sul o Ministério Público, que o acusava de corrupção e fraude. O juiz Chris Nicholson considerou que as acusações eram motivadas por perseguição política do

O juiz, do Tribunal de Pietermaritburg decidiu arquivar o processo contra o líder do CNA. Para analistas, decisão do tribunal foi ''uma moção de censura'' ao governo de Mbeki. À saída do Tribunal, Zuma teve o apoio de milhares de militantes do ANC que aproveitaram a ocasião para queimar camisetas com a fotografia do presidente.

O atual presidente da África do Sul – que também é do CNA – vem se enfraquecendo dentro e fora da grande estrutura política frentista que governa o país desde a eleição de Mandela, em 1994. O país tem obtivo invejáveis taxas de crescimento econômico, mas muitos acusam o governo de seguir uma política econômica de fundamentos neoliberais.

As posições de Mbeki ficaram abaladas na Conferência do CNA em dezembro passado – a Conferência de Polokwane. Ali ele disputou com Zuma, e perdeu, a presidência da sigla, após um áspero debate em que a maioria das bases apoiou uma postura mais à esquerda.

Já em Polokwane o PC Sul-Africano, a Cosatu e ainda  a Liga da Juventude Comunista deram um decisivo apoio à vitória de Zuma, em nome da coerência antineoliberal. As três organizações, que participam das estruturas do CNA desde a resistência ao regime racista, passaram a adquirir uma fisionomia política mais nítida no cenário de luta interna no Congresso Nacional Africano.

Jacob Zuma é o personagem que aparece como alternativa caso o país se decida de fato a dar um passo à esquerda. Com 66 anos, este ex-guerrilheiro da resistência contra o apartheid, que esteve preso junto com Mandela na tristemente célebre Ilha Robben, chegou à vice-presidência da República, mas foi afastado dela por Mbeki, em 2005, com base nas mesmas acusações agora arquivadas.

Em função do veredito e apesar de este estar sujeito a recurso, o CNA pode, nos próximos dias e nos termos constitucionais, pedir, no Parlamento, a demisão de Mbeki e  eleger Zuma presidente da República. Na África do Sul o presidente é eleito no Parlamento, por maioria de votos e por indicação dos partidos – e o CNA possui confortável maioria legislativa. Uma alternativa seria esperar pelas eleições gerais do ano que vem.

No discurso que fez aos seus apoiadores depois do veredito, segundo observadores políticos, Jacob Zuma não apareceu como um cidadão que acaba de ser absolvido, mas como alguém que acaba de vencer as eleições.

O presidente do ANC falou das injustiças que sofreu por parte dos que controlam o Estado. Criticou em particular a Procuradoria, a unidade especial ''The Scorpions'' (que o investigou nos últimos oito anos) e outras estruturas sob influência da Presidência.

Com a popularidade em alta desde Polokwane, Zuma aparece agora com todos os meios para acabar com aquele que é considerado o seu principal carrasco: Thabo Mbeki. Ele foi absolvido no mesmo dia em que Mbeki era coberto de elogios pelo Ocidente, por ter mediado um acordo entre o governo e a oposição no Zimbábue, país vizinho que atravessa aguda crise política.

Da redação, com agências