Papa reafirma em Lourdes que divórcio é ''permissividade''

O papa Bento XVI, que está visitando a França, reafirmou neste domingo (14) em Lourdes a condenação tanto do direito ao aborto como do divórcio. Disse que a Igreja mantém ''com firmeza'' a indissolubilidade do casamento e ''não pode aceitar'' as iniciat

O pontífice fez estas afirmações em discurso para os bispos franceses no santuário de Lourdes. Os observadores viram no discurso do pontífice uma condenação dos sacerdotes franceses que abençoaram casamentos entre divorciados. A Igreja Católica também proíbe os fiéis divorciados de receberem a comunhão.

Diante de 116 bispos, Bento XVI avaliou que a família está em crise e culpou as leis ''que em algumas décadas relativizaram em diferentes países sua natureza de célula primordial da sociedade''.

''Freqüentemente, as leis buscam se acomodar mais aos costumes e às reivindicações de pessoas ou de grupos particulares do que à promoção do bem comum da sociedade'', disse o papa.

Sobre o casamento, ele disse que, ''com pleno conhecimento de que pode ir contra a corrente'', a Igreja ''tem que ser fiel'' ao mandato de Jesus Cristo e nunca deixará de repetir ''o que Deus uniu, que o homem não separe''.

Na França, o divórcio é permitido desde a Revolução Francesa de 1792 – com um retrocesso temporário durante a Restauração dos Bourbons em 1815, quando ele voltou a ser banido como ''veneno revolucionário''. O próprio presidente Nicolas Sarkozy, que recebeu o visitante em Paris, divorciou-se duas vezes e iniciou este ano seu terceiro casamento.

Em toda a Europa, se o direito das mulheres à interrupção da gravidez ainda não é reconhecido na Irlanda e na Polônia, o direito ao divórcio universalizou-se. O último país a reconhecê-lo foi a Irlanda, em 1995. Bento XVI, porém, sinalizou que em seu pontificado não haverá perdão para o que considera ''permissividade''.

Após o encontro com os bispos, o papa participou de uma procissão eucarística na Pradaria de Lourdes, à qual assistiram dezenas de milhares de pessoas. Pela manhã, outra missa papal celebrou o 150º aniversário do episódio em que Nossa Senhora teria aparecido a Marie-Bernard Soubirous numa gruta da cidade, iniciando um ciclo de supostas curas milagrosas. Até hoje milhares de enfermos acorrem à cidade do sul da França em busca de um milagre.

Da redação, com agências